quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

ronaldo II

Viotto Caricaturas - http://viottoo.blogspot.com



a imensa torcida corinthiana, da qual tenho muito orgulho de fazer parte, teve um grande presente de natal. para alguns maldosos, um natal gordo. ronaldo fenômeno, maior artilheiro da história da copa do mundo, é do timão. independentemente de não jogar bem há muito tempo, de estar fora de forma, de ser flamenguista declarado e de, para muitos, já estar acabado para o futebol profissional, ronaldo é um ícone do futebol mundial e não pode ser desprezado. já deu a volta por cima em 2002, ganhando a copa do mundo como melhor jogador (menos para a fifa), e tem todas as condições de realizar feito semelhante este ano. vale a pena esperar.
todavia, o nome "ronaldo" já é sagrado no timão há duas décadas. todo corinthiano que já antigiu a idade adulta, quando pensa em ronaldo, a primeira figura que vem à cabeça é a de ronaldo soares giovanelli, goleiro que foi titular do corinthians de 1988 a 1998, jogando mais de 500 partidas. ronaldo, para muitos, foi o maior goleiro da história do corinthians e é corinthianíssimo declarado. hoje comentarista de futebol de uma emissora de televisão, faz questão de torcer abertamente para o corinthians, sempre que é dada alguma oportunidade de fazê-lo.
ronaldo era um goleiro com estilo. se agigantava em decisões, porém muitas vezes tinha atuações pífias em jogos sem importância. dono de personalidade forte, de atitude tão explosiva que beira a insanidade, ronaldo era respeitado por todos os que se atreviam a jogar no "seu" corinthians. tinha voz ativa na equipe e fazia questão de cobrar, acima de tudo, muita raça dentro de campo. raça que jamais faltou a ronaldo, tanto nos jogos, quanto nos treinos. ronaldo também gostava de desenhar as suas camisas. tinha um gosto muito duvidoso, porém se destacava em campo. cores berrantes e o número 1 às costas em algarismo romano, o famoso I, sua marca registrada. também foi um dos primeiros a autografar a camisa. ronaldo era um goleiro de defesas de grande plasticidade, adorava dar pulos desnecessários para sair bonito na foto. ronaldo também é rock'n'roll. quando ainda jogava no corinthians em 1997, gravou um disco com a banda "ronaldo e os impedidos" e, posteriormente, outro cd com a banda "ronaldo e os fora da lei". grande ronaldo!
ronaldo ganhou, pelo corinthians, os títulos paulistas de 1988, 1995 e 1997, a copa do brasil de 1995 e o brasileirão de 1990, seu título mais importante, e do qual foi peça decisiva ao lado de neto, o eterno xodó da fiel. infelizmente, no início de 1998, o corinthians contratou vanderlei luxemburgo como técnico que, por via de regra, sempre costuma mandar embora os jogadores famosos de seu elenco, para que estes não apareçam mais do que ele, e para que não tenham grande influência em seu grupo de comandados. e assim foi, luxemburgo dispensou ronaldo do corinthians. uma grande perda.
quanto a ronaldo fenômeno, torço para que faça grande sucesso no corinthians, que seja um grande artilheiro e que ganhe muitos títulos. porém, por mais que seja ídolo do futebol brasileiro, por mais que venha a ser bem sucedido no corinthians, para a enorme torcida corinthiana, jamais será maior que o grande goleiro ronaldo. será, na melhor das hipóteses, um segundo ronaldo ou, simplesmente, ronaldo II. sem dúvida, uma grande honra.

sábado, 6 de dezembro de 2008

nós, cardíacos.

nós, cardíacos, somos doentes só pelo nosso time, ainda bem.
cada um à sua maneira, na presença ou na ausência, agregados pela mesma camisa.
nós, cardíacos, temos a mania de perder e persistir; e perstistir tanto até ganhar. nós não temos lá muita técnica, mas temos raça. e que raça!
raça como a de lucas, nosso goleiro, que ao melhor estilo goycochea 'tapa penales', fez as ovelhas virarem carneirinhos nas suas mãos. e levou nós, cardíacos, ao g-8.
nós também temos técnica. técnica indiscutível como a de nosso camisa 10 (que, por humildade, usa a 20), fuji, que quando decide abrir a chapelaria, ninguém segura, é chapéu pra todo lado. fora as canetas, lançamentos, deslocamentos, chutes, roubadas de bola, e por aí vai.
nós, cardíacos, temos também thiagão, o bombeiro. mas pra botar fogo no jogo, com sua força, visão de jogo e passes precisos. melhor ainda, um verdadeiro corinthiano. mas isso é outra história.
nós, cardíacos, temos um judoca. grande demétrius! um verdadeiro lutador em quadra, com grande espírito de equipe e incansável na marcação. este ano, premiado como autor do único gol (não-contra) da heróica campanha cardíaca. aliás, um golaço.
nós temos giba, líbero no vôlei e guerreiro na quadra de futsal, adrenalina e muita velocidade.
temos velho, racional acima de tudo, porém exemplarmente esforçado. com o velho, vontade nunca falta. paixão pura.
temos barba, nosso representante do oriente médio, com seu bombardeio incansável à trave adversária. sem dúvida, de grande valor para a equipe.
nós, cardíacos, temos linus. nipo-caiçara, veio das praias de santos para dar alma argentina ao time. catimba, divididas duras e discussões. linus nos fortalece frente aos oponentes e à arbitragem.
nós temos piau, fixo e relações públicas do elenco. grande contador de histórias, usa caneleiras e shorts pra dentro. é isso aí piau, estilo é tudo, estamos com você!
nós, cardíacos, temos cascão, o intelectual do time. entre um cigarro e outro e alguns atrasos, cascão (joão para os íntimos) é o nosso canhoto, grande sociólogo em quadra. deleuze teria orgulho de vê-lo jogar.
nós temos ishi. grande geoprocessador, é calma e serenidade. e, acima de tudo, corinthiano!
temos também marcelo, nosso fotógrafo oficial. vouyeurismo e indiscrição.
temos, embora ausentes do elenco deste ano, porém co-fundadores do time, lagoinha, da turma do amendoim, e fabricius, o político-cardíaco.
como torcedores, nós, cardíacos, temos ninguém menos que os irmãos (quase) gêmeos kk e júnior do multi-estrelado e campeoníssimo time do macd.
nós também temos eu, sanches. o camisa 9 mais ausente da história do futsal e mal-aventurado treinador, porém possuidor da qualidade mais importante para um cardíaco: alma de cardíaco. mesmo a distância, sempre mantendo o estilo de vida cardíaco e mandando boas vibrações para a equipe.
nós, cardíacos, temos o direito e devemos comemorar a campanha deste ano. mas, com os pés no chão, sempre vislumbrando vôos mais altos. porém, jamais deixando de lado o espírito cardíaco. o de jogar para se diverir entre amigos.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

a verdadeira história do campeonato brasileiro.

até o final da década de 1950, não havia qualquer tipo de campeonato nacional de futebol no brasil. pelo menos entre clubes. havia um campeonato nacional de seleções estaduais, porém as disputas interclubes se davam em âmbito estadual. o que mais se assemelhava a um campeonato nacional era o troneio rio-são paulo que, por definição, nada mais era do que uma disputa entre clubes dos dois estados. nem de longe poderia ser considerado um campeonato nacional.
em 1959, foi criada pela cbd (hoje cbf) a taça brasil, que era disputada em forma de copa e tinha como objetivo indicar os clubes brasileiros que iriam disputar a recém criada taça libertadores da américa. a competição reunia clubes das regiões sul, sudeste e nordeste. pode-se dizer que foi o embrião do campeonato brasileiro, até porque, na época, não havia outro campeonato nacional interclubes. a taça brasil foi, portanto, por quase uma década, o nosso campeonato brasileiro e, por mais que a cbf, mesmo tendo sido a criadora do torneio à época, não reconheça, está escrito na história e há de ser respeitado. a taça brasil foi disputada até 1968, quando foi extinta.
a partir de 1967, passou a ser realizado o torneio roberto gomes pedrosa, o popular robertão. este sim, em formato de liga, sem finais, porém disputado em quadrangulares, se assemelhava muito mais ao que conhecemos como campeonato brasileiro nos dias de hoje. de fato, foi o pontapé inicial para a criação do campeonato brasileiro em 1971, até porque foi disputado somente até 1970. durante os anos de 1967 e 1968, portanto, podemos dizer que tivemos um aperitivo da disputa concomitante de 2 campeonatos nacionais. digo 'um aperitivo', porque desde 1989 temos, anualmente, a copa do brasil e o campeonato brasileiro como os legítimos torneios nacionais de futebol.
mas você deve estar se perguntando, 'por que esse cara está falando tudo isso?' a resposta é a seguinte.
por conta da atual iminência da conquista do tricampeonato brasileiro pelo são paulo (lembrando que é tri quem conquista 3 títulos de forma consecutiva), desde o último domingo, vem sendo veiculada, em muitos meios de comunicação, a informação de que o são paulo se tornará o maior campeão brasileiro de todos os tempos, com 6 conquistas, e que será o primeiro clube a ser campeão por 3 vezes consecutivas. tudo isso é uma grande bobagem.
o são paulo, sem dúvida, é o clube de futebol profissional mais vitorioso do brasil nos últimos 20 anos. é também o que tem a melhor estrutura, o melhor centro de treinamento, o maior estádio particular. é, de fato, o clube mais organizado de todos. ostenta também o título de torcida que mais cresce ultimamente, passando de sétima maior do brasil em meados dos anos 70, para terceira maior atualmente. tudo isso é verdade. mas maior campeão brasileiro de todos os tempos ainda não é, e não conseguirá atingir este feito ainda este ano.
cabe agora fazer alguns esclarecimentos. o campeoanto brasileiro de futebol, com esta denominação oficial, iniciou-se em 1971. porém, durante muito tempo não teve fórmula de disputa determinada, divisões inferiores devidamente organizadas e número de participantes definidos. em plena ditadura militar, algumas das edições chegaram a ter quase 100 times, o que claramente demonstra que a simples criação do brasileirão, até se estabelecer regras definidas de disputa em 2003, em nada possuía credibilidade maior do que os já citados torneio roberto gomes pedrosa e taça brasil. então por que não considerá-los?
tudo leva a crer que trata-se de uma convergência de interesses da própria cbf, que desde 1971 passou a organizar o torneio de forma soberana, sem a interferência das federações estaduais, como acontecia anteriormente, e da detentora dos direitos de transmissão televisiva desde então, a tv globo. quase que de forma automática, como costuma acontecer no inconsciente do povão, 'o que não aparece na globo, não é verdade', e o que aparece, passa a ser verdade absoluta, de forma que, num processo de verdadeira lavagem cerebral, fixou-se a idéia no torcedor comum de que 'campeonato brasileiro, só a partir de 1971' e assim acabou sendo. pouca gente passou a discutir o assunto.
mas e o santos de pelé, nunca foi campeão brasileiro? para a cbf e a globo, não. a história mostra que sim.
adotando a linha mais coerente com a atual configuração de disputa, consideremos como campeonato brasileiro de futebol a taça brasil de 1959 a 1966 e o robertão de 1967 a 1970. desta forma, temos como maior campeão brasileiro o santos, com 8 títulos, sendo 5 de forma consecutiva, conquistados na 'era pelé' (1961, 1962, 1963, 1964 e 1965) e três de forma alternada (1968, 2002 e 2004). o segundo maior campeão seria o palmeiras, com 7 conquistas (1960, 1967, 1969, 1972, 1973, 1993 e 1994). o são paulo, se realmente vier a confirmar o título deste ano, se tornará o terceiro maior campeão brasileiro da história, com 6 triunfos (1977, 1986, 1991, 2006, 2007 e 2008). inegavelmente, um grande feito, porém ainda relativamente longe de ser algo inédito.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

o goleiro: razão e emoção.

no futebol, ser goleiro é vocação; é como ser médico. o goleiro é masoquista por definição. raramente marca gol, leva gol quase todo jogo e está sempre na corda bamba. o goleiro pode fazer um jogo espetacular, se tomar um frango no fim, vira vilão. o goleiro é maldito, ele está lá só para evitar gols, para prolongar o sofrimento de muitos e apenas adiar a decepção de outros. no inconsciente do apaixonado por futebol, o goleiro é a personificação do anti-clímax.
quando criança, eu fui goleiro. de futebol de salão, é verdade, pois a minha estatura não permitiria ousadia maior. nem era tão grosso na linha, mas decidi ser goleiro só por causa de um ídolo. o goleiro do corinthians: ronaldo. ronaldo soares giovanelli, um metro e oitenta e sete, uniformes extravagntes, a maioria de péssimo gosto, capitão e camisa 1 do corinthians por quase uma década. ronaldo é corinthiano. era o autêntico corinthiano no campo de jogo, nervos à flor da pele durante os 90 minutos. briguento, polêmico. grande goleiro, porém especialmente espalhafatoso, capaz de defesas plasticamente espetaculares e falhas ridículas. o maior goleiro que já vi jogar no corinthians, porém muito mal sucedido em sua passagem pela seleção brasileira. um frango contra a alemanha e nunca mais.
a seleção brasileira não tinha (e quase nunca teve) espaço para goleiros muito "emocionais". desde que acompanho futebol, goleiro de seleção brasileira tem que ser frio. quase um alemão ou escandinavo.
comecemos pelo exemplo de taffarel, o goleiro da seleção brasileira durante nada menos do que 10 anos. parecia um cubo de gelo embaixo das traves, nada o abalava. nem os frangos que tomava, levantava como se nada tivesse acontecido. tecnicamente bom, mas acima de tudo muito equilibrado, muito racional. um dos heróis do tetra.
seu reserva era zetti. esse mais frio ainda. tinha dias que zetti simplesmente não levava gol. podia acontecer o diabo, o time adversário podia ser o que fosse, zetti pegava todas, fechava o gol. sempre de calça e meias por cima das barras, zetti era um monge. sempre muito calmo, ponderado, concentrado. tecnicamente o mais completo que já vi, mas de pouca vibração. ídolo do são paulo e do santos, porém sempre reserva da seleção. uma pena.
o sucessor imediato da era taffarel-zetti foi dida. um grande goleiro, literalmente. muito alto, de envergadura fora do normal, dida não tem expressão. sua atitude beira à sonolência porém, muito concentrado, é exímio pegador de pênaltis. que o diga raí, que em sua última passagem pelo são paulo jogou por água abaixo a classificação do tricolor às semifinais do campeonato brasileiro de 1999. logo contra o corinthians, de dida, que defendeu os dois pênaltis cobrados pelo eterno camisa 10 do morumbi e garantiu a vaga do timão. mas dida também não deu muita sorte na seleção. na copa em que jogou como titular, em 2006, o brasil perdeu feio para a frança. e, cá entre nós, dida não teve culpa, mas já estava longe de sua melhor forma.
dida estava vivendo sua mais brilhante fase às vésperas da copa de 2002. mas a seleção tinha felipão como técnico e felipão confiava mesmo era em marcos. grande marcos. além de tudo um sujeito gente fina. acabou com o corinthians em duas libertadores seguidas (1999 e 2000), mas mesmo assim todo corinthiano adora esse cara. marcos é uma excessão na seleção, é estilo ronaldo; emocional, polêmico, sangue quente, porém sem ser briguento. verdadeiramente palmeirense. marcos conquistou o brasil na copa de 2002, com o penta. era figura importantíssima da família felipão e fez um torneio irretocável. que oliver kahn que nada, o goleiro da copa foi o marcão!
contudo, no último fim-de-semana marcão vacilou. falhou em jogo chave do palmeiras na briga pelo brasileirão e partiu desesperadamente para o ataque em busca do empate, numa tentativa desequilibrada e inapropriada para um capitão de time grande. não deu certo, mas a torcida gostou.
se existe algum jogador no futebol brasileiro que é amado por sua torcida, este atende pelo nome de rogério ceni. rogério é o espelho do sãopaulino. culto, líder, goleiro do time. um cara sério, ponderado, equilibrado, um atleta exemplar. nunca faltou a um treino, nem sequer atrasou. incansável nos treinamentos e principalmente nos jogos. é a alma do são paulo. além de tudo cobra faltas e pênaltis e faz muitos gols. é o perfeito sucessor de zetti, segundo a maioria dos tricolores, até melhorado. em minha modesta opinião, tecnicamente zetti foi muito melhor, mas como ídolo, até por sinal de nossos tempos, rogério é maior. muitas vezes arrogante, é verdade, mas sempre em defesa do são paulo. na seleção, principalmente por sua arrogância, não foi bem. frangou, não admitiu, saiu. os sãopaulinos não se conformam até hoje. também, pudera, rogério é o jogador mais vitorioso da história do são paulo e está prestes a ser campeão brasileiro mais uma vez, a terceira consecutiva. tomara que não, mas vamos ver.
falando em campeão, atualmente, o corinthians tem felipe. baiano arretado, explosivo, muito elástico. jovem ainda, porém já um lider. felipe caiu com o corinthians, mas subiu e foi campeão da série b. foi para os braços da fiel no pacaembu. se irá para seleção, só o tempo dirá, mas uma coisa ninguém pode discutir: felipe é corinthians!
o goleiro talvez seja o jogador mais sacrificado numa equipe de futebol, mas também por isso, acaba se tornando o mais passível de admiração, idolatria. é, ao mesmo tempo, o principal ator emocional e racional do jogo. um verdadeiro protagonista da arte do futebol.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

sobre este brasileirão.

o campeonato brasileiro da série "a" deste ano, o popular brasileirão, vem sendo um tapa na cara dos que eram contra a fórmula de disputa por pontos corridos. diferentemente do que muitos já falaram, apesar do atual baixo nível técnico de nossas equipes, o brasileirão se encaminha, este ano, para uma disputa ponto a ponto até a última rodada. e essa disputa tem nomes: grêmio, cruzeiro, palmeiras, são paulo e flamengo.
o grêmio é o time mais regular do campeonato até o momento. apresentando um futebol competitivo e feio, a esquadra gaúcha obtém vitórias magras, empates valiosos e perde pouco. por isso ainda é líder, mesmo contando com jogadores desconhecidos e alguns refugos de vários times do passado, além de ter como comandante o inexpressivo celso roth. pela frente, uma tabela que apresenta apenas um grande desafio aparente: o palmeiras no palestra itália. boas chances para o tricolor dos pampas.
o cruzeiro parece ter a tabela mais tranqüila entre os postulantes ao título mais desejado do futebol nacional. como um autêntico mineiro, vem comendo pelas beiradas, com uma equipe jovem e cheia de promessas, porém bastante inexperiente, capaz de golear e fazer jogos espetaculares e em seguida perder em casa sem jogar nada. o técnico também é inexperiente, adilson batista. talvez um time para o ano que vem, mas quem sabe?
o palmeiras é o favorito. marcos, roque júnior, pierre, diego souza, alex mineiro, denilson para o segundo tempo e o principal: luxemburgo no banco. o técnico maior vencedor de campeonatos brasileiros de todos os tempos está mordido por ter perdido as duas últimas edições para muricy ramalho e quer o caneco. um bom exemplo dessa gana foi o nó tático no segundo tempo do choque-rei do último domingo. uma verdadeira demostração de força do alvi-verde.
já o são paulo, é aquilo lá. todo mundo conhece como joga, ninguém gosta de ver, mas está sempre na parte de cima da tabela. mantendo a base, o são paulo este ano não conseguiu manter a regularidade apresentada nos dois últimos brasileirões mas, mesmo assim, pode ser considerado o segundo da fila. é aguardar pra ver.
já o flamengo... se não fosse o flamengo, eu nem citaria entre os favoritos. mas é o flamengo, então vou colocar, só por precaução. quem sabe o que é o flamengo, sabe o que eu estou falando.
quem vai ganhar? não sei, mas se soubesse não falaria. afinal, a graça não está em quem será o campeão e sim na disputa final. que vença o melhor!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

o futebol de salão.

o futebol de salão é genuinamente brasileiro. um esporte nacional. o esporte mais praticado no país, sem dúvida. o mais jogado nas insuficientes e mal equipadas escolas brasileiras. é o futebol de rua patenteado, transportado para uma quadra, com traves nos lugares dos chinelos, linhas demarcatórias, árbitros e toda essa chatice burocrática do oficial. o verdadeiro improviso do futsal, como passou a ser oficialmente chamado, veio do antigo futebol de salão que, por sua vez, tem suas raízes no futebol de rua. bola de meia, pés descalços, campo de jogo em declive para um time e em aclive pro outro. o futebol pueril, de meninos e algumas meninas, ricos e pobres, correndo atrás da bola por horas e horas. verdadeiramente democrático.
está acontecendo este mês, no brasil, a copa do mundo de futsal, evento que, desde que passou a ser organizado pela fifa, em 1989, teve 5 edições, sendo que as 3 primeiras foram vencidas pelo brasil e as duas últimas pela espanha. a final da copa deste ano não poderia ser mais apropriada para a atualidade do futsal profissional: brasil x espanha.
a edição deste ano da copa do mundo é um perfeito retrato do predomínio brasileiro no futsal mundial. apresenta uma seleção brasielira estrelada, com o melhor jogador da atualidade, o malabarista-ala falcão, que até já tentou desfilar seus dribles pelos gramados, procurando percorrer o caminho de tantos craques do futebol que surgiram no salão (o maior exemplo talvez tenha sido rivellino), jogando por palmeiras, são paulo e portuguesa, porém sem o mesmo brilho. além disso, conta com um enorme número de jogadores brasileiros naturalizados nas principais equipes da competição. a seleção italiana, por exemplo, chega ao extremo. somente o técnico e parte da comissão técnica nasceram na itália. todos os jogadores convocados nasceram em território brasileiro. as semifinais, realizadas hoje, tiveram todos os gols dos confrontos, menos um, marcados por jogadores nascidos em terras tupiniquins. o artilheiro russo, que tem o apelido de pula, é brasileiro. o seu gol na semifinal de hoje contra o brasil não foi suficiente para evitar a derrota por 4 a 2. na outra semifinal a espanha, com dois gols brasieliros e um gol-contra, também brasileiro, venceu a "brasileira" itália, na prorrogação, por 3 a 2. sinceramente, muito menos por conta de minha ligação familiar com a cultura espanhola do que por qualquer outra coisa, pouco estou me importando com esta copa do mundo.
o futebol de salão tem sua graça na prática, e não na observação ou na torcida. no meu caso particular, atualmente estou muito mais preocupado com a classificação de meu time da faculdade, o glorioso cardíacos de futebol (de salão) e regatas para a próxima fase da 9° copa fflch de futsal. zebra assumida e 24° colocado, de 32 participantes, na edição do ano passado, a equipe se recuperou da derrota por 8 a 0 na estréia e venceu, sábado passado, por 1 a 0. pelo que me disseram, uma vitória heróica, com defesa de pênalti e tudo mais. não pude estar presente, mas tomei conhecimento através dos que jogaram. agora, como diria o insuportável galvão bueno, é colocar a faca entre os dentes, o coração na ponta da chuteira, e vencer o último duelo da fase de grupos para se classificar. neste, com certeza, estarei presente, mesmo longe de minha melhor forma física, para incentivar e até dar alguns prazerosos chutes na bola e nas canelas adversárias. pois o futebol de salão nunca deixou e nunca vai deixar de ser o que sempre foi. a institucionalização do futebol de rua, porém sem perder a alma do futebol de improviso, o futebol moleque genuinamente brasileiro.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

o clássico vovô.

no último domingo, dia 28, foi disputado, pelo campeonato brasileiro, mais um clássico vovô. botafogo e fluminense escreveram mais uma página na história do clássico mais antigo do brasil. o empate em 1 a 1 foi ruim para ambas as equipes, porém teve sabor de vitória para o fluminense, que empatou no último lance do jogo, com um gol do zagueiro edcarlos, ex-são paulo. desta forma, o botafogo se distancia do título e da vaga para a copa libertadores da américa do ano que vem, e o fluminense passa a amargar a lanterna do brasileirão. mas o clássico já viveu dias muito mais charmosos.
fundado em 1902, o fluminense football club, foi o primeiro dos hoje reconhecidos como 4 grandes clubes do rio de janeiro (fluminense, botafogo, flamengo e vasco) a praticar o futebol. aliás, como o próprio nome diz, nasceu praticando o esporte, assim como o botafogo, que é de 1904, e diferentemente do flamengo que, fundado em 1895, começou como clube de regatas e somente mais tarde se rendeu à popularidade do futebol e começou a praticá-lo.
naquela época o futebol era um esporte de elite, praticado principalmente por imigrantes ingleses que, em sua maioria, haviam vindo ao brasil para trabalhar na construção de ferrovias ou na indústria têxtil. muito bem remunerados e de cultura refinada, naturalmente passaram a se relacionar com a elite carioca, fundamentalmente composta de descendentes de portugueses, quando não lusitanos de fato, abastados. com o passar dos anos, o futebol passou a ocupar, cada vez mais, o lugar do remo como principal esporte na preferência popular. e dentro deste processo, muito se deve ao clássico vovô.
o primeiro clássico vovô foi disputado em 22 de outubro de 1905. foi um amistoso, no ground do fluminense, e terminou 6 a 0 para os anfitriões. nos anos seguintes o confronto foi se repetindo e assim foi amadurecendo a rivalidade entre os dois clubes. em trecho de "o negro no futebol brasileiro", mario filho descreve a atmosfera pré-jogo de uma partida realizada no início da década de 1910:


"Nas ruas, um homem metido numa enorme bola de papelão, as pernas e cabeça de fora. Na bola, em letras grandes, o anúncio do jogo. 'Hoje, no ground do Fluminense, grande match de futebol, Fluminense e Botafogo. Hoje, todos ao ground do Fluminense."

assim o clássico cresceu e se tornou o clássico vovô. em 103 anos de rica história, o duelo decidiu 4 campeonatos cariocas, com o fluminense vencendo em 3 oportunidades (1946, 1971 e 1975) e o botafogo sagrando-se campeão, já com mané garrincha, em 1957.
nos últimos anos, fluminense e botafogo têm feito clássicos muito equilibrados, normalmente com poucos gols. também não decidem títulos de expressão há 23 anos. porém, nada pode diminuir a magia deste confronto centenário. a magia da tradição do mais antigo clássico do futebol brasileiro. o clássico vovô.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

futebol brasileiro em transe, já!

há pouco mais de 19 anos, a confederação brasileira de futebol é presidida e administrada pela mesma pessoa: ricardo teixeira. durante todo este tempo, a entidade lucrou muito, construiu uma nova e suntuosa sede, também no rio de janeiro (como todas as anteriores), vendeu os direitos de comercialização dos jogos da seleção brasileira para um grupo estrangeiro especializado em organização de eventos esportivos; tudo isso sob a máscara de uma administração vitoriosa, que se vangloria de ter sido responsável pela conquista de duas copas do mundo (1994 e 2002), como se o futebol brasileiro, alguma vez, tivesse precisado da cbf para conquistar algum título. muito pelo contrário. talvez, se tivesse sido gerido de outra forma, provavelmente teria conquistado muito mais.
o jogo de ontem, contra a bolívia, no engenhão, foi o espelho de todo este processo. a começar pelo local do jogo, um estádio lindíssimo, porém comprovadamente construído com superfaturamento para a realização dos jogos panamericanos do rio de janeiro, no ano passado. não podemos deixar de lado também, o preço dos ingressos. dos 45 mil que foram colocados à venda, 15 mil(!!!), isso mesmo, 15 mil foram disponibilizados para convidados e camarotes corporativos, aqueles espaços em que os fiéis representantes da elite branca podem tomar o seu champagne e posar para suas fotos em colunas sociais enquanto, de vez em quando, espiam o jogo ao fundo. aproximadamente 20 mil ingressos foram colocados à venda com preços de 100 ou 200 reais e apenas 10 mil foram destinados ao povão, com o módico preço de 30 reais. resultado: arquibancadas vazias e uma verdadeira luta de classes na platéia. de um lado, a elite do camarote, de outro, o povão da arquibancada. fenômeno semelhante ao que ocorria na década de 1910, em que havia uma divisão do espaço destinado aos espectadores nos estádios. nas aquibancadas os ricos, e na geral, os pobres, que eram obrigados a assistir o jogo em pé. neste aspecto, ao contrário do que tenta vender a cbf, com seu nefasto discurso de modernidade, o futebol brasileiro está 100 anos atrasado.
pois bem, vamos ao jogo. um jogo horroroso, uma seleção brasileira apática, sem brilho, sem criatividade, sem jogadas ensaiadas, uma orquestra de grandes músicos, porém sem maestro e totalmente desafinada. um time mal convocado, mal escalado e mal substituído, um verdadeiro desastre. as vaias foram inevitáveis, porém incomuns. foram vaias de vergonha, de desprezo, de ódio. um pouco escassas, é verdade. o pessoal do camarote não devia estar muito preocupado com isso.
vi o jogo e fui dormir com o mesmo sentimento dessa gente da arquibancada, da geral dos anos 10. de indignação. depois fiquei pensando o que poderia ser feito para reverter este quadro. somente demitir dunga, talvez não seja o caminho. deve-se promover um movimento de democratização da cbf. para o bem da seleção masculina, da feminina mais ainda e, principalmente, algo que sirva de exemplo para os clubes de futebol do brasil. que aconteça em todos eles processos similares aos que aconteceram em vasco e conrinthians, que depuseram seus ditadores recentemente. o corinthians ainda aprovou um estatuto que proíbe a reeleição, um grande passo. a cbf poderia seguir o mesmo caminho, mas por vontade própria, certamente não seguirá.
estou convencido de que apenas com uma verdadeira tragédia futebolística, algo poderá ser feito. baseado mais na fé e na devoção (tipicamente brasileiras) do que na lógica aristotélica ou qualquer lógica de outra natureza, sinceramente acredito que somente uma não-classificação para a próxima copa do mundo possa mobilizar a sociedade para uma mudança profunda. seria a morte do futebol brasileiro. para isso, me apóio nas palavras de glauber rocha, pai do cinema novo, mais especificamente em trecho brilhante de "terra em transe", uma de suas grandes obras:


Ando pelas ruas e vejo o povo magro, apático, abatido. Este povo não pode acreditar em nenhum partido.

Este povo alquebrado, cujo sangue sem vigor... Este povo precisa da morte mais do que se possa supor.

O sangue que estimula meu irmão à dor, o sentimento do nada que gera o amor.

A morte como fé, não como temor!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

sobre o clube de regatas do flamengo

era 1912. o flamengo já tinha 17 anos de fundação, porém jamais havia se aventurado num campo de futebol. era um clube de regatas, apenas regatas. fluminense e botafogo já faziam seus matches desde a década anterior. como descreve brilhantemente mario filho em seu clássico "o negro no futebol brasileiro", naquele ano de 1912, assim surgiu o flamengo que hoje conhecemos:



(à época havia) Um traço comum: a paixão pelo futebol. Era isso que assustava o clube de remo. De tal modo que foi uma luta convencer o Flamengo a entrar para o futebol. Nem mesmo recebendo de presente um time campeão, inteirinho, que tinha saído do Fluminense.


Dos campeões de 11, somente dois ficaram fiéis ao Fluminense: Osvaldo Gomes e Calvert. Os outros, Baena, Píndaro e Neri, Lawrence, Amarante e Galo, Baiano, Alberto Borghert e Gustavo de Carvalho, alguns do Rio (Futebol Clube), o clube de garotos do Fluminense, dispostos a ir para o Flamengo. E levando sócios com eles, torcedores, gente que o Flamengo precisava.


O Flamengo hesitou, acabou cedendo, mais para fazer uma experiência. Se o futebol não combinasse com o remo, nada feito.


...


(poucos anos depois) Também o remo e o futebol já se tinham misturado. O Flamengo não era mais dois clubes que viviam juntos, um de remo, outro de futebol, era um clube só. Com mais glórias até no futebol do que no remo. Só depois de levantar dois campeonatos de futebol é que o Flamengo levantou um campeonato de remo.


O futebol fizera-o mais forte em tudo, até no remo.



e foi assim que surgiu a maior torcida de futebol do mundo. deste embrião.
o flamengo sempre foi grande no futebol. pode-se dizer que este período de abnegação ao esporte bretão, de 17 anos desde a sua fundação, foi uma espécie de gestação do sentimento futebolístico no coração do flamenguista. e quando este desabrochou, foi com vontade. o flamengo é raça, paixão, tradição. o flamengo é arte. é futebol-arte.
o flamengo só não teve pelé porque o rei era vascaíno, mas teve seu antecessor e seu sucessor zizinho e zico, respectivamente. teve também dida, ídolo de zico. dida era o camisa 10 e principal craque da seleção às vésperas da copa de 58, quando sofreu uma contusão e deu lugar ao jovem pelé. até garrincha jogou no flamengo, porém sem brilho, em fim de carreira. nem precisava, seria muita crueldade que garrincha não tivesse brilhado no botafogo, e sim no flamengo.
os campeonatos começam e terminam, o flamengo os vence ou os perde, mas aconteça o que acontecer, o flamengo continua flamengo. não sou flamenguista, particularmente no rio de janeiro até tenho mais afinidade com o botafogo, mas é impossível ficar indiferente ao brilho ofuscante do flamengo.
ontem cometi uma tolice, apostei contra o flamengo com meu irmão flamenguista.
no atual campeonato brasileiro, o flamengo ocupa a 4° posição, com 40 pontos ganhos. após um ótimo início, quando liderou a competição por várias rodadas, o time de caio júnior sofreu algumas baixas, em decorrência da janela de transferências dos clubes europeus, perdendo alguns importantes jogadores transferidos para o exterior. como solução foi buscar atletas de outros países da américa do sul, como o uruguaio sambueza, de outras equipes nacionais, como o atacante vandinho e até da europa, como o veterano marcelinho paraíba, entre outros. após um período de queda de rendimento e de adaptação destes novos atletas, o flamengo parece estar readquirindo a velha forma e, se aproveitando do nivelamento (por baixo) de todas as equipes do brasileirão, vem subindo de produção e vencendo importantes jogos, como o de ontem, contra o figueirense, em florianópolis, por 3 a 2.
agora, voltando à aposta: eu apostei que o flamengo perderia ou empatava e o meu amigo que o flamengo venceria. conseqüentemente, se eu vencesse, ele teria que me pagar uma cerveja e se ele (ou o flamengo, como preferir) vencesse, eu teria que lhe pagar uma cerveja e escrever sobre o jogo de ontem no blog.
aceitei na hora, mas nem tomei conhecimento do jogo. no fim das contas, tenho de fazer uma confissão. no fundo, no meu inconsciente, eu estava torcendo para o flamengo pois, pensando melhor, eu só teria a ganhar. ganhar a oportunidade de pagar uma cerveja ao meu amigo-irmão flamenguista-roxo (e tomá-la com ele, obviamente) e de escrever sobre esta página das mais importantes da história do futebol: o clube de regatas do flamengo.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

raízes olímpicas brasileiras

olimpíadas, o maior evento esportivo do planeta. quantas vezes você ouviu ou leu esta frase nos últimos dias?
o espírito olímpico no brasil não vinga, é impressionante. é incrível como o povo não tem tempo, interesse e nem vontade de acompanhar o evento olímpico. ainda mais com os horários em que são realizados na edição deste ano. mas o problema do espírito olímpico brasileiro tem fundo muito mais grave. a raiz está na educação.
se é que algum dia chegou a ser, há muito tempo a educação deixou de ser prioridade no investimento público brasileiro. um dos reflexos deste descaso é a falta de prática esportiva na maioria das escolas do país, o que, dentre outros efeitos sociais devastadores, ocasiona uma terrível escassez de talentos esportivos. sem estes talentos revelados, o brasil vai ficando para trás na maratona olímpica por medalhas e, assim, deflagrando o roubo (recordista mundial) das federações, confederações e comitê olímpico nacionais. um ato mais nefasto que um simples desvio de verbas públicas em benefício de dinastias intermináveis de dirigentes inescrupulosos que fazem dos órgãos que administram o esporte nacional verdadeiras "casas da mãe joana", queimando as já insuficientes cotas de dinheiro público destinado ao desenvolvimento esportivo, um ato criminoso, cujas conseqüências são sentidas a longo prazo, em forma de impulso em nossas abandonadas crianças para o mundo do crime.
além disso tudo, ainda cria, em grande parte da população, um sentimento de desinteresse pelo esporte em geral, semelhante ao já consolidado desprezo pela política nacional, uma sensação de impotência diante do poder tirânico dos faraós dos campos, quadras, piscinas e pistas brasileiros. a única paixão que transcende todo esse sentimento é o futebol.
pois bem, para boa parte do povo brasileiro a única coisa que interessava nesta olimpíada era a conquista inédita da medalha de ouro no futebol masculino, para muitos o único título que faltava no imenso quadro de honras do futebol brasileiro. faltava não, ainda falta. ignorando a paixão enraizada na cultura brasileira pelo futebol, os mesmos dirigentes de sempre repetiram a mesma fórmula de todas as outras olimpíadas: falta de planejamento, que passa pela contratação de um técnico inexperiente, incompetente e altamente manipulável, uma administração criminosa, que privatizou o direito de explorar a imagem da seleção e marcar torneios e amistosos, como se o futebol brasileiro fosse propriedade de alguma pessoa, que comprovadamente lucra (e muito) com tudo isso e nada repassa em benefício do desenvolvimento do esporte no país; que poderia ajudar, por exemplo, as meninas do futebol feminino que, mais uma vez, nos enchem de orgulho e vão disputar a medalha de ouro. mas nada faz por elas.
enfim, foi 3 a zero para a argentina, fora o baile. uma tragédia anunciada, com feições olímpicas. porém, com raízes dolorosas, conclusivas e, fundamentalmente, brasileiras.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

menos futebol, mais volantes

fico imaginando a alegria de dunga quando viu hernanes fazer o gol da vitória do brasil na estréia olímpica, hoje pela manhã, diante do fraco time belga. uma alegria bem ao estilo dunga, raivosa, furiosa, revanchista. do mesmo tipo, porém menor em intensidade, da demonstrada quando levantou a taça do tetra, nos estados unidos. diante de autoridades, torcedores e câmeras do mundo inteiro, desabafou. um desabafo truculento, cheio de palavrões, que tinha como essência o sentimento de revanche. encarou a copa como uma resposta àqueles jornalistas-malas viúvos da copa de 82. era como se dissesse: "agora o futebol é dos volantes!", com raiva. tentando assim ofuscar a genialidade de romário, fator indispensável na viabilização da conquista.
dunga tem tudo a ver com a cbf. é pau-mandado, não se opõe a amistosos de ocasião, tipo caça-níquel, não tem pudores em convocar jogadores-nike só para serem vendidos para o exterior, adora o chamado "futebol competitivo", que só pensa na vitória a qualquer custo, mesmo que, para isso, tenha que jogar feio e vencer roubado no último minuto. acha até mais gostoso. não foi o caso de hoje, só jogou feio, muito feio. mas que alegria deve ter sido! o brasil venceu, com gol de um volante, que joga no brasil. que lindo, mais uma transferência. só falta ser jogador-nike, aí sim! deve ter pensado: "agora vou pra coletiva e vou acabar com esses jornalistas viúvos do zico, do falcão, do sócrates. agora é lucas, hernanes e anderson, e fim de papo. só engoli esse ronaldinho porque o patrão exigiu. se dependesse de mim, ah... esse maldito me fez encerrar a carreira no inter depois de um drible incrível e a perda do título gaúcho. nem a falta consegui fazer. por mim ele morreria! mas agora ele come na minha mão, ha ha ha..."
o brasil ganha, mas quem perde é o futebol.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

futebol não é nada, imagem é tudo

seguindo a linha das tendências pós-modernas/pós-anos 80, o futebol há um bom tempo já descobriu o poder da imagem como fonte de generosos lucros. nas duas últimas décadas, porém, com o avanço desenfreado da revolução tecnológica, com reflexos decisivos na velocidade do fluxo de informação, passou-se a ter como verdade a imagem e não o futebol, produzindo-se ídolos de um gol bonito, de uma jogada tida como mágica e nada mais.
em bom português, muito jogador considerado craque de bola da presente época, muitas vezes, analisando-se de forma minimamente racional e/ou cética, não passa de jogador comum com imagem muito bem "trabalhada", ou seja, tem uma imagem muito "maior" que o seu futebol.
o internacional de porto alegre, campeão mundial de clubes em 2006, parece estar investindo fortemente na "fórmula da imagem". após um decepcionante início de campeonato brasileiro, com a contratação do técnico tite, o inter vem se recuperando e subindo na tabela rodada a rodada, com boas atuações de nilmar e alex. o time parece estar se acertando, porém a diretoria, não satisfeita, acertou, nos últimos dias, duas contratações de muito impacto e, historicamente, muitos problemas e pouco futebol. tratam-se de andrés d'alessandro, meia-armador argentino, ex-river plate, wolfsburg, portsmouth, san lorenzo e seleção argentina e gustavo nery, lateral-esquerdo, ex-santos, guarani, são paulo, corinthians, zaragoza, werder bremen, fluminense e seleção brasileira. ambos ganharam notoriedade da noite para o dia, souberam se aproveitar e criaram uma imagem de ótimos jogadores, mesmo tendo pouquíssimos triunfos e muitos problemas durante a carreira. d'alessandro surgiu muito jovem no river e foi considerado mais um daqueles tidos como "sucessores de maradona na seleção argentina". ficou famoso entre os torcedores do corinthians por ter sido o principal algoz da eliminação da equipe paulista da copa libertadores de 2003. fracassou no wolfsburg e na seleção e, rapidamente, deixou de ser convocado. após uma passagem apagada pelo portsmouth, marcada por problemas de relacionamento, retornou à argentina, desta vez para jogar no san lorenzo, sendo o principal astro do time montado para ganhar a libertadores deste ano, que marca o centenário do clube. mais uma vez, fracassou. por 7 milhões de dólares, chega ao inter, com a responsabilidade de se tornar o principal jogador colorado. no mínimo, uma contratação de risco.
gustavo nery tem sua carreira marcada pela inconstância. tido como um jogador versátil e de grande preparo físico, em todos os clubes em que passou, ficou mais tempo contundido do que jogando. também foi considerado o pivô de muitos problemas de relacionamento e chegou a ser chamado de "laranja podre" pelo técnico nelsinho baptista, quando ambos trabalhavam no são paulo. sua carreira na europa também foi um fracasso, não se firmando em nenhum dos clubes pelos quais passou.
sem dúvida, com este pensamento, o inter está entrando no perigoso e arriscado território da ilusão. a ilusão da imagem.

terça-feira, 15 de julho de 2008

o negro no futebol globalizado

mario filho, saudoso cronista esportivo, irmão de nelson rodrigues, em sua obra-prima sobre o futebol brasileiro "o negro no futebol brasileiro", associa brilhantemente a figura do negro, oprimido e pobre, como principal responsável pela construção da identidade do futebol brasileiro, no começo tido como um esporte da elite branca nacional, formada por estudantes universitários e, posteriormente, através da inserção do negro, consagrado como principal esporte nacional. cabe aqui ressaltar o pioneirismo do vasco da gama, primeiro clube de futebol a aceitar negros no seu quadro de atletas. o vasco, na época, era o clube menos elitizado do rio de janeiro, o time da colônia portuguesa e dos operários e trabalhadores informais.
vascaíno quando criança, pelé foi o maior jogador da história do futebol, marcou quase 1.300 gols e foi eleito por inúmeras vezes o atleta do século XX. consagrou-se no santos e no fim da carreira foi jogar nos estados unidos para ganhar dinheiro. e conseguiu ganhar muito dinheiro. pelé foi tão brilhante como atleta quanto como produto do capitalismo, tornando-se um excelente garoto-propaganda e ganhando milhões pelo mundo até os dias de hoje. de origem humilde, negro e pobre, pelé é exaltado como alguém que "venceu na vida", que "deu certo". de fato, diante da lógica capitalista, ele realmente venceu, porém se procurarmos enxergar o outro lado desta valiosa moeda, pelé é alguém que perdeu sua identidade, e pior, com a visibilidade que adquiriu através da fama, nada fez pela "causa negra" no futebol, a mesma causa do jovem de origem pobre (que, na maioria das vezes, é afro descendente), que continua sendo explorado e tendo sua personalidade violentada e moldada de forma a atender plenamente às exigências capitalistas. muito pelo contrário, pelé é peça fundamental para a manutenção deste processo, sendo um dos maiores "queridinhos" da riquíssima fifa, órgão máximo do futebol, e também de exploração dos majoritariamente pobres atletas profissionais.
nas últimas semanas, li muitos cronistas esportivos criticando fortemente ronaldinho gaúcho e robinho, que estão forçando suas saídas de barcelona e real madri para milan e chelsea, respectivamente. eu vejo de outra forma. negros e de origem humilde, ambos gostavam de jogar bola na rua quando crianças e decidiram "tentar a vida" no futebol profissional. conseguiram e, dentro do contexto globalizado, adquiriram fortuna e status de ídolo da noite para o dia. não se pode cobrar destes dois meninos que eles tenham mentalidade de administrador de empresas, que sejam profissionais exemplares, e mais, que, sem muita instrução adequada, não se sintam acima do bem e do mal, diante de tanto dinheiro e fama. eles são mais dois negros explorados pelo capitalismo; pela elite branca de empresários que é quem mais lucra com o futebol profissional. também não são vítimas, são apenas produtos do futebol globalizado.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

aos números

aproximadamente 1/4 da "população futebolísticamente ativa" brasileira torce para flamengo ou corinthians. toda essa gente está em festa.
após 9 rodadas, o flamengo, que há 16 anos não conquista o campeonato brasileiro, é líder com cômodos 5 pontos de vantagem para os vice-líderes cruzeiro, grêmio, vitória e palmeiras. além disso, vem jogando bem e tem o artilheiro do campeonato, marcinho, que tem os mesmos 6 gols de alex mineiro do palmeiras. faltando 29 rodadas par o término do campeonato, ainda é cedo para arriscar qualquer palpite, mas é inegável que a equipe da gávea é uma das favoritas para levar o título, o que seria o sexto de sua história, e que consagraria o flamengo como maior campeão do campeonato brasileiro desde que passou a ser denominado desta maneira, em 1971.
já o corinthians, após as mesmas 9 rodadas, lidera a série b, com os mesmos 5 pontos de vantagem do flamengo. com um futebol visivelmente muito superior ao dos demais participantes, o corinthians vem mostrando que vai subir facilmente à série a e, salvo aconteça alguma tragédia, será campeão da série b do campeonato brasileiro pela primeira vez em sua história.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

o futebol bonito

tradicionalmente, algumas equipes do futebol mundial jogam feio e outras, bonito. diante de conceitos tão subjetivos, cabe aqui esclarecer que estas definições, em primeiro lugar são absolutamente egoístas porém, em segundo lugar devem ser entendidas através do senso comum futebolístico brasileiro, isto é, com os olhos de quem se acostumou a ver o futebol-arte dos deuses do gramado.
pois bem, a espanha foi campeã européia. diante da alemanha, no quintal alemão, jogando bonito, com niño torres, fábregas, casillas no gol, o cão-de-guarda brasileiro marcos senna e tudo mais. a alemanha, o futebol feio mais famoso e vitorioso de todos os tempos sucumbiu diante do flamenco do esquadrão espanhol que, mesmo sob o comando de um técnico antiquado e atrasado como luis aragonés, dominou a partida do primeiro ao último minuto e venceu por 1 a 0. incontestável, 1 a 0 para o futebol bonito.
ontem no maracanã, tudo muito bonito. a torcida, a festa, o próprio maracanã e dois times de futebol muito ofensivo, muito interessante, muito empolgante, muito bonito. na beleza, empate, e no resultado somado, também. resultado: disputa por pênaltis. e quem fez bonito foi a ldu, que calou renato gaúcho, calou o maracanã e levantou o troféu mais desejado da américa do sul.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

o futebol e a rede

futebol e rede há muito tempo têm fortes laços de união. muito se ouve dizer que futebol é "bola na rede", que o atacante "balançou a rede" do adversário e outras coisas do tipo. porém, pelo menos a partir do início dos anos 80, com a revolução da informação, a globalização de tudo, inclusive da cultura ou, se preferir, a imposição da cultura imperialista guela abaixo, o futebol passou a depender de redes. de redes de televisão.
a maior parte dos clubes de futebol profissional dos principais campeonatos do mundo depende quase que exclusivamente dos patrocínios pagos pelas redes de televisão. em troca, acabam se sujeitando a aceitar tabelas por elas impostas, a remanejar datas de jogos para transmissão televisiva e a aceitar passivamente demonstrações claras de desrespeito à liberdade de escolha do torcedor.
na última quarta-feira, ontem, a rede, em todos os sentidos, foi a protagonista do recheado dia de futebol. pela tarde, alemanha e turquia fizeram a primeira semifinal da eurocopa 2008. num jogo eletrizante, os alemães balançaram a rede turca por 3 vezes, contra 2 dos turcos. pena que, graças a uma falta de estrutura ímpar para os padrões europeus, em todas as partes do mundo, todos os que estavam assistindo o jogo ao vivo pela televisão, tiveram o desprazer de serem impedidos de ver praticamente metade do jogo, inclusive perdendo 2 gols da partida, um de cada equipe. a rede de televisão responsável pela transmissão da euro não resistiu a uma tempestade de verão, típica da época, que derrubou o sinal e cegou os entusiasmados telespectadores por várias vezes durante o duelo.
mais tarde, outra bola fora. desta vez da rede globo, dona do futebol brasileiro, para não dizer do brasil, que privou os telespectadores paulistas de assistir o festival de bola na rede acontecido em quito, no equador, pelo primeiro jogo da final da libertadores: ldu 4 x 2 fluminense, que agora, no jogo de volta no maracanã, terá de balançar a rede da equipe equatoriana 3 vezes, sem deixar que balancem a sua, para levantar o caneco sulamericano pela primeira vez na sua história, sem necessidade de prorrogação nem pênaltis. a rede globo acabou transmitindo para são paulo, no mesmo horário, o monótono empate em 1 a 1 do corinthians contra o bragantino válido pelo, não menos sem graça, campeonato brasileiro da série b.
hoje quem balançou bastante a rede foi a espanha, 3 a 0 na rússia pela outra semifinal do campeonato europeu de seleções. desta vez, pelo menos, sem tempestades. domingo tem alemanha e espanha disputando o título. é sinal de muita bola na rede ou maior chance de queda de sinal por falha da rede? veremos.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

grande berry!

há cerca de um mês, comprei o ingresso para o show do chuck berry, a lenda viva do rock'n'roll. por nada eu perderia essa chance de ver o homem ao vivo, nem por um brasil e argentina. pois assim foi. semana passada me dei conta que o dia 18 de junho, além de aniversário de 66 anos de paul mccartney, seria a data do jogo brasil x argentina no mineirão. mas e daí, que brasileiro se importa com a seleção nos dias de hoje? não fosse o ufanismo exacerbado de galvão bueno e a globo, pouca gente daria alguma importância para esse jogo, um brasil x argentina com cara de amistoso, nada mais que isso. mas, por quê?
os motivos são vários, porém o maior deles é a falta de identificação dessa seleção com o povo brasileiro e a significativa falta de compromisso de boa parte dos jogadores para com esta sagrada camisa. fora isso, um técnico que é símbolo de anti-futebol, um pau-mandado da cbf que, por sua vez, não representa a seleção do povo brasileiro, longe disso, vendeu a comercialização dos jogos brasileiros para uma empresa de eventos estrageira, como se a nossa seleção fosse um produto, vendendo assim também os nossos sentimentos.
o resultado de toda essa história não poderia ser diferente: uma seleção apática, jogadores sem vontade, sem gana, sem raça, um técnico sem experiência, sem qualidade e sem nenhum, absolutamente sem nenhum carisma, característica fundamental para um técnico de seleção brasileira.
comecei então a gargalhar do fato de o show ter sido no dia do jogo. passei uma noite agradável ao lado dos meus amigos-irmãos, ao som de chuck berry, ao vivo (!), e ainda tive o prazer de não assistir a um aparentemente muito tedioso brasil 0x0 argentina. grande berry!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

ratzel e o sport recife

o sport recife é o mais novo campeão da copa do brasil. eliminando favoritos, todas as vezes fazendo o resultado em casa, a equipe pernambucana venceu ontem o corinthians na final e faturou o caneco. mas qual será a receita do sucesso do leão do norte?
com um time muito experiente, cheio de "refugos" de vários grandes clubes do brasil, como daniel, agora daniel paulista (ex-corinthians), sandro goiano (um puro-sangue ex-grêmio), romerito (ex-corinthians), leandro machado (ex-internacional), enílton (ex-palmeiras), roger (ex- são paulo e palmeiras) e principalmente carlinhos bala, que passou pelo cruzeiro mas voltou a pernambuco, comandados pelo, não menos refugo, técnico nelsinho baptista (ex-quase todas as equipes do brasil e do japão), o sport trucidou todos os adversários na ilha do retiro, vencendo a copa e conseguindo assim, também, uma vaga na libertadores do ano que vem.
se para friedrich ratzel, geógrafo determinista alemão, território significava poder, para a equipe do sport, campeã da copa do brasil 2008, com méritos, não foi diferente. porém, o predomínio do fator campo para a equipe pernambucana se traduziu, não só através do apoio de sua fanática torcida, como também como um elemento de intimidação, se valendo de atitudes escusas como não permitir que o time adversário se aquecesse no gramado e não ceder a carga de ingressos adequada à torcida do time visitante. fora tudo isso, o fator campo para o sport foi ainda mais decisivo em outro sentido, muito mais inusitado e pouco abordado pela mídia até aqui. como ainda ninguém se perguntou como jogadores de tão baixo nível técnico como os do sport, comandados por um técnico tido como ultrapassado como nelsinho baptista, conseguiu resultados tão expressivos diante de times como inter, palmeiras e até corinthians, todos com elencos e comissões técnicas de níveis superiores aos seus? para mim, uma coisa ficou clara: o fator campo em sua concepção mais crua, o campo de jogo, propriamente dito, o gramado que, na ilha do retiro, mas se assemelha a um pasto ou a uma plantação de batatas, lugar em que o sport treina todos os dias, conhece todos os buracos e imperfeições, já se acostumou com os "quiques" inesperados de cada passe ou chute e sabe exatamente a velocidade que deve ser imposta à bola para cada tipo de jogada. quem disse que o fator campo (ou território) não ganha jogo, acertou, pois ele ganha muito mais do que isso; ganha título.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

fandango rio-são paulo

o fandango é uma dança de origem ibérica, datada do período barroco, praticada aos pares, aos sons da viola, da castanhola e do sapateado. no brasil, "fandango" designa um bailão tipicamente gaúcho, da população rural dos pampas, uma festa que reúne homens e mulheres, de todas as idades, numa grande confraternização em torno da dança, praticada através de uma grande roda em que as "damas" acompanham os passos dos cavalheiros, que têm liberdade para improvisar, a fim de impressionar suas respectivas damas, tudo isso ao som da viola e do acordeão.
pois, ontem o futebol foi um grande fandango.
em são paulo, o corinthians do gaúcho mano menezes, tirou o sport para dançar e chegou a estar vencendo por 3 a 0 (gols de dentinho, herrera e acosta) até o último minuto de jogo, quando tomou um gol estilo "água no chopp" de enílton, decretando o placar final de 3 a 1. no jogo de volta, para dançar o frevo, o sport terá de vencer por 2 a 0 ou, se tomar gol, por 3 ou mais gols de diferença, caso contrário, terá de assistir o gaúcho william, zagueiro, xerife e capitão do corinthians, dançar o fandango com o caneco na mão, na ilha do retiro.
na cidade maravilhosa, o jogo de volta da final antecipada da libertadores entre fluminense e boca juniors começou ao tom do tango, com o gol de palermo, de cabeça, pra variar, abrindo o placar no maior do mundo. porém, empurrado por 85 mil tricolores e comandado por renato gaúcho, um gaúcho-carioca, mas nem por isso menos gaúcho, deu-se ínicio ao fandango que começou com o gol de falta de washington coração-de-leão, passou pelo gol de conca, com a ajuda da atordoada zaga xeneize e terminou em grande estilo com o gol de dodô, o artilheiro dos gols bonitos. um baile tricolor, que agora enfrenta a zebrassa ldu, do equador, tendo ainda a vantagem de jogar a finalíssima no maracanã. como a própria torcida diz, "o show tem que continuar".

terça-feira, 3 de junho de 2008

expectativa

é saborosa a expectativa no futebol. e, em tempos de decisão, essa expectativa aumenta, saborosamente. seja na sua pelada de fim-de-semana ou no jogo do seu time de coração, a expectativa alimenta a explosão da vitória ou a decepção da derrota.
no campeonato brasileiro, a maior expectativa é para que este comece de fato, o quanto antes. claramente esvaziado pelas fases decisivas de libertadores e copa do brasil, e pela abertura do mercado europeu que, certamente, varrerá boa parte de nossos talentos até o final de julho, só deve começar, verdadeiramente, em agosto, quando as equipes terão os seus elencos definitivos para o restante da temporada.
mais especificamente para algumas equipes, a expectativa anda em alta. no santos, ela vem para o início do trabalho do técnico cuca, que se desligou do botafogo e desembarcou na vila belmiro. será que cuca terá apoio, principalmente financeiro, para realizar um bom trabalho?
já no internacional, a expectativa fica para a chegada de um novo técnico, após a saída de abelão para o petrofutebol árabe. será que esse time, excelente no papel, enfim decola em campo?
no são paulo, a expectativa gira em torno da permanência de muricy. será que ele suporta mais 2 ou 3 resultados negativos?
para o botafogo, aconselho aos seus torcedores a não alimentarem muitas expectativas, pois sem dinheiro e com geninho, o ano tem tudo para ser muito difícil.
por falar em botafogo, fiquemos atentos à truculenta polícia do recife para o segundo jogo da final da copa do brasil na ilha do retiro. bairrismo ou despreparo mesmo?
o sport, que (ainda) não tem nada a ver com isso, se prepara para encarar o corinthians, na expectativa de não sentir a ausência de romerito, de volta ao goiás.
já, para o corinthians, resta a expectativa de fazer um grande jogo amanhã no morumbi, para poder viajar tranquilo para o jogo de volta no caldeirão pernambucano. e que os "pendurados" dentinho, chicão, william e herrera, não tomem cartão, pelo amor de deus!
porém, sem sombra de dúvidas, a maior expectativa da semana fica por conta da final antecipada da libertadores, entre fluminense e boca juniors no maracanã. e, mais uma vez, fica a expectativa, pelo lado tricolor, para que o fluminense não se intimide diante da mística xeneize e, pelo lado porteño, para que o boca mantenha acesa a chama dessa mística.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

heróis e vilões

no esporte, em que a linha que separa a vitória da derrota é tão tênue e a glória caminha junto com a profunda decepção, é natural que se produza, através deste processo, um enorme número de heróis e vilões. e, como não poderia deixar de ser, no futebol isso acontece com muita intensidade, dada a sua popularidade e o fanatismo de seus incontáveis aficcionados.
a noite de ontem foi um grande exemplo de tudo isso. em buenos aires, no estádio do racing, foi disputado o primeiro jogo de uma das semifinais da libertadores. o fluminense conseguiu um bom empate diante do poderoso boca juniors por 2 a 2. nesta partida, a torcida argentina se viu diante de um grande herói e um impiedoso vilão. o herói, como sempre, foi riquelme, que marcou os dois gols xeneizes. já o vilão foi o goleiro migliore que tomou um frangasso, permitindo o empate do fluminense.
em são januário, jogo de volta da semifinal da copa do brasil entre vasco da gama e sport recife. o sport tinha conseguido uma grande vantagem no jogo de ida, 2 a 0. ontem, o vasco, precisando partir para cima, fez um primeiro tempo apático e todas as grandes chances de gol acabaram sendo pernambucanas, porém o 0 a 0 se manteve. já no segundo tempo, o vasco pressionou e conseguiu o primeiro gol através de leandro amaral, numa cabeçada. o resultado de 1 a 0 ainda não era suficiente e, por isso, o vasco continuou tentando. no fim do jogo, quando todas as esperanças haviam praticamente se esgotado, eis que surge edmundo, enterno ídolo vascaíno, para completar para o gol o rebote do goleiro magrão, e como um herói decretar a decisão por pênaltis. porém, logo na primeira cobrança da séire, edmundo faz o vascaíno reviver o pesadelo de outras vezes. assim como na decisão do mundial de clubes de 2000, diante do corinthians, edmundo perde o pênalti, todos os outros batedores de vasco e sport acertam e o sport está na final. edmundo, mais uma vez, vira vilão.
no morumbi, a outra semifinal. corinthians e botafogo jogando a partida de volta, após uma vitória carioca por 2 a 1, de virada, uma semana antes, no engenhão. no primeiro tempo, muito medo por parte das duas equipes e um apagado 0 a 0. na segunda etapa, o corinthians começou com tudo e, aos 6 minutos, através de uma jogada pela direita do argentino herrera, acosta, que havia acabado de entrar, desviou para o gol fazendo 1 a 0, resultado que classificava o corinthians pelo critério de gols marcados fora de casa. porém, a fiel quase nem pôde sentir o gosto da classificação. 2 minutos depois, o botafogo empatou. o goleirão corinthiano felipe falhou feio no cruzamento vindo da direita, errando o tempo de bola, e o zagueiro botafoguense renato silva, da pequena área, completou para o gol vazio. um momento de angústia no morumbi. logo a angústia deu lugar à alegria. após falta sofrida por dentinho, próxima ao bico direito da grande área carioca, chicão cobrou por cima da barreira e marcou o gol da redenção corinthiana. 2 a 1, resultado que se manteve até o fim da partida sem grandes sobressaltos, revelando uma certa cautela de ambas as equipes a partir de então. dessa forma, decisão por pênaltis. o corinthians começou cobrando e marcou. o botafogo também. as 9 primeiras cobranças foram convertidas sem dificuldade, até que o lateral-esquerdo zé carlos, do botafogo, que havia entrado no meio do segundo tempo, correu para a bola e bateu firme, a meia altura, no canto direito para espetacular defesa de felipe. definitivamente a noite era corinthiana e felipe tinha passado de vilão a herói e, dessa forma, para a história.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

emoção

após um pequeno recesso para o feriadão, estamos de volta.
e vamos falar de emoção. o sentimento de emoção, tão presente em nossas vidas, talvez seja o mais saboroso combustível para a alma. para os esportistas, amantes dos esportes em geral, como é o meu caso, este combustível pode ser facilmente obtido, em doses cavalares, tanto na prática, quanto na observação da prática esportiva. e a última semana foi uma oportunidade valiosíssima para viver o segundo caso.
corinthiano que sou, vibrei muito na terça-feira com o grito da maravilhosa fiel alvi-negra ecoando no engenhão, estádio do botafogo, diante de uma maioria carioca absoluta. me emocionei. acabei indo dormir irritado com a virada botafoguense, na base da raça e da emoção, no final do jogo. 2 a 1, mas dá pra reverter. no outro jogo, a emoção transmitida pela torcida do sport na ilha do retiro, a mesma que eliminou palmeiras e inter da copa do brasil, funcionou também contra o vasco. 2 a 0 pesados para se reverter em são januário.
na quarta, mais emoção. começando com a épica final da champions league. chelsea e manchester united fizeram um jogo até que morno no tempo normal e na prorrogação, com destaque para o brilho das estrelas cristiano ronaldo e lampard. e, como não poderia ser diferente, a maior carga de emoção ficou para o final: decisão por pênaltis e vitória do manchester através da perda do pênalti do capitão e torcedor número um do chelsea, o zagueirasso john terry, que ficou tão triste que até escreveu uma carta de desculpas para o torcida no dia seguinte. uma emocionada declaração e amor eterno.
mais tarde, o boca no méxico. o time xeneize é realmente só emoção na libertadores. após empatar, no jogo de ida, de forma decepcionante, por 2 a 2 com o atlas, no estádio do vélez, foi ao méxico e enfiou sonoros 3 a 0, com direito a golaço, por cobertura, de palermo, que nunca foi de fazer gol bonito, diga-se de passagem.
no maracanã, não precisaria nem falar. um jogasso, muito emocionante. com a vantagem do empate, por ter vencido o jogo de ida por 1 a 0 no morumbi, o são paulo entrou cauteloso no primeiro tempo contra o ofensivo fluminense, que abriu o placar. a partir daí o jogo ficou franco, com nenhum dos dois times querendo levar a decisão para os pênaltis. de repente, o são paulo empata, com adriano, pra variar. porém, o fluminense faz mais um no minuto seguinte, numa desatenção da zaga paulista e falha do goleiro rogério ceni. daí pra frente, só pressão do fluminense, coroada a meio minuto do fim com o gol salvador de cabeça de washington coração valente. sensacionalmente emocionante.
fluminense e boca farão uma semifinal, que fica com um jeitão de final antecipada diante da outra semifinal entre ldu e américa do méxico que acabaram eliminando san lorenzo e santos, respectivamente, na quinta-feira.
sexta-feira, a emoção para mim, excepcionalmente, não se concentrou no esporte. li o livro-biografia de tim maia, escrito por nelson motta, inteirinho no mesmo dia e quase chorei no final. recomendo.
já no sábado, um momento para relembrar ayrton senna. pole-position de felipe massa em mônaco. mais tarde, mais uma vitória do timão na série b. tá virando rotina, mas é sempre uma emoção.
já o domingo foi em clima de ressaca. felipe massa terminando num decepcionante terceiro lugar em mônaco e o campeonato brasileiro mais sem-graça do que nunca. times poupando jogadores para os jogos decisivos do meio de semana e um monte de empates por 1 a 1. de emocionante mesmo, e que emocionante, a despedida de guga das quadras em roland garros. nada mais aproriado para tal evento do que o sagrado solo francês, onde o manezinho da ilha levantou 3 canecos. apesar da já esperada derrota para o tenista da casa, cujo nome nem me lembro, o jogo foi todo para ele, com direito a troféu e discurso para o maior tenista brasileiro da história. grande guga! como diria fiori gigliotti, agüeeenta coração!