o futebol de salão é genuinamente brasileiro. um esporte nacional. o esporte mais praticado no país, sem dúvida. o mais jogado nas insuficientes e mal equipadas escolas brasileiras. é o futebol de rua patenteado, transportado para uma quadra, com traves nos lugares dos chinelos, linhas demarcatórias, árbitros e toda essa chatice burocrática do oficial. o verdadeiro improviso do futsal, como passou a ser oficialmente chamado, veio do antigo futebol de salão que, por sua vez, tem suas raízes no futebol de rua. bola de meia, pés descalços, campo de jogo em declive para um time e em aclive pro outro. o futebol pueril, de meninos e algumas meninas, ricos e pobres, correndo atrás da bola por horas e horas. verdadeiramente democrático.
está acontecendo este mês, no brasil, a copa do mundo de futsal, evento que, desde que passou a ser organizado pela fifa, em 1989, teve 5 edições, sendo que as 3 primeiras foram vencidas pelo brasil e as duas últimas pela espanha. a final da copa deste ano não poderia ser mais apropriada para a atualidade do futsal profissional: brasil x espanha.
a edição deste ano da copa do mundo é um perfeito retrato do predomínio brasileiro no futsal mundial. apresenta uma seleção brasielira estrelada, com o melhor jogador da atualidade, o malabarista-ala falcão, que até já tentou desfilar seus dribles pelos gramados, procurando percorrer o caminho de tantos craques do futebol que surgiram no salão (o maior exemplo talvez tenha sido rivellino), jogando por palmeiras, são paulo e portuguesa, porém sem o mesmo brilho. além disso, conta com um enorme número de jogadores brasileiros naturalizados nas principais equipes da competição. a seleção italiana, por exemplo, chega ao extremo. somente o técnico e parte da comissão técnica nasceram na itália. todos os jogadores convocados nasceram em território brasileiro. as semifinais, realizadas hoje, tiveram todos os gols dos confrontos, menos um, marcados por jogadores nascidos em terras tupiniquins. o artilheiro russo, que tem o apelido de pula, é brasileiro. o seu gol na semifinal de hoje contra o brasil não foi suficiente para evitar a derrota por 4 a 2. na outra semifinal a espanha, com dois gols brasieliros e um gol-contra, também brasileiro, venceu a "brasileira" itália, na prorrogação, por 3 a 2. sinceramente, muito menos por conta de minha ligação familiar com a cultura espanhola do que por qualquer outra coisa, pouco estou me importando com esta copa do mundo.
o futebol de salão tem sua graça na prática, e não na observação ou na torcida. no meu caso particular, atualmente estou muito mais preocupado com a classificação de meu time da faculdade, o glorioso cardíacos de futebol (de salão) e regatas para a próxima fase da 9° copa fflch de futsal. zebra assumida e 24° colocado, de 32 participantes, na edição do ano passado, a equipe se recuperou da derrota por 8 a 0 na estréia e venceu, sábado passado, por 1 a 0. pelo que me disseram, uma vitória heróica, com defesa de pênalti e tudo mais. não pude estar presente, mas tomei conhecimento através dos que jogaram. agora, como diria o insuportável galvão bueno, é colocar a faca entre os dentes, o coração na ponta da chuteira, e vencer o último duelo da fase de grupos para se classificar. neste, com certeza, estarei presente, mesmo longe de minha melhor forma física, para incentivar e até dar alguns prazerosos chutes na bola e nas canelas adversárias. pois o futebol de salão nunca deixou e nunca vai deixar de ser o que sempre foi. a institucionalização do futebol de rua, porém sem perder a alma do futebol de improviso, o futebol moleque genuinamente brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário