sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Suor azul.

O Cruzeiro é transpiração. É uma máquina a todo vapor, uma linha de produção, na verdade, de jogadas rápidas, triangulações, tabelas, jogadas em profundidade, pelo meio e pelos flancos, e muita marcação. Lucas Silva, o galã cão-de-guarda, sempre atento, sempre pronto a destruir os sonhos adversários. Nilton, de volante comum a autor de algumas obras-primas. E muita pegada, muitos tostões nos tornozelos alheios, em meio a tiros certeiros de longa distância. No banco, Henrique e Souza, sempre prontos ao combate. Não adianta secar, o suor cruzeirense já venceu.

O camisa 10, de fato, na verdade veste a 17 e nem meia é. É lateral de origem e, enquanto na posição, nunca foi brilhante. Mas, Éverton Ribeiro virou meia-de-ligação no Coritiba, mas, desde então, desempenha a inédita função de meia-ponta-armador, se é que me entende. Ele é rápido, joga-se aos cantos, surge, como mágica, novamente no meio, aparece na área - cobra o escanteio e vai à entrada da área emendar de canhota. E que canhota ligeira!

O 10 de direito é o experiente Júlio Baptista, que pouco joga, apesar da inegável qualidade. Na frente, presenças marcantes do dedicado Ricardo Goulart, do preparador e perdedor de gols William e do sempre letal Borges. Nem Luan, polivalente, tem mais lugar nessa linha. Isso sem falar de Dagoberto e sua eterna falta de objetividade - sem chance. Todo o suor tem resultado em muitos gols, mais precisamente 58 tentos em 28 partidas, por enquanto.

Dedé é o retrato da zaga azul. Um zagueiro decisivo: desarmes precisos, brilhante no alto, veloz, ágil e líder. Uma fortaleza à frente da segunda melhor defesa da competição, dando suporte as sempre perigosas investidas dos laterais do dia, sejam Mayke e Egídio ou Ceará e Everton.

Na meta, Fábio, um ilusionista dos postes, um goleiro verdadeiramente surpreendente, de super-reflexo, muito seguro nas saídas de gol e de bola, e dificílimo de ser batido debaixo das traves e no mano-a-mano. Experiente, vencedor e extremamente objetivo. Um grande goleiro, ídolo do clube e prestes a se tornar o recordista de partidas defendendo o arco da Raposa.

O comandante, Marcelo Oliveira, é cria do Galo e teve de suar à beça para convencer a massa azul. E, definitivamente, conseguiu. 

Todo esse suor, certamente, não será em vão.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Seedorf e o Botafogo.

Um líder. Este é Seedorf. Ele bota o jogo p'ra rolar; no pé dele o jogo não pára. E a bola corre solta, feliz, sorrindo. Por vezes, encontrando os pés de Vitinho, seu mais dedicado súdito. Vitinho é explosão e atitude. É uma energia extra, uma extensão, que dá maior fluidez a toda essa massa-talento.

E o Botafogo é líder. 

Foi 3 a 3, o Inter foi bravo. O Inter tem Scocco, a revelação de Rosário, e tem D'Alessandro. Tem o mais bravo de todos, Damião. Só não se sabe até quando. Dessa vez, foi fogo cruzado. Vitinho de um lado, Scocco do outro e teve ainda Seedorf e o guerreiro Fabrício no fim. Esse jogo teve tudo. Teve a cega ira de Dunga, um show de truculência perante a ofuscante elegância de Oswaldo.

O líder Botafogo tem verdadeira liderança e vencedora coerência. Tem a qualidade que pode e apoio de poucos. O Botafogo é para poucos.

É impossível prever o que vai dar. Mas, que gostoso que é.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

O tempo e o Nense.

O Fluminense Football Club foi pioneiro no futebol profissional do Brasil. Sempre apoiado em poupudos incentivos financeiros advindos da elite carioca, a partir da segunda metade da década de 1930 até o início dos anos 40, o Fluminense reinou absoluto nos torneios cariocas e conseguiu as suas primeiras conquistas internacionais. Toda essa modernidade, um claro reflexo da sociedade da então capital da república, com nítidos paralelos a inúmeros aspectos derivados, como a lógica conservadora e a moral banhada em preconceito racial e de origem socioeconômica - características compartilhadas com a maioria dos clubes de futebol à época, e que preservam alguns fortes traços até os dias de hoje.

Sua suntuosa sede, construída em arquitetura neoclássica, dotada de lustres de cristal austríaco e peças de porcelana e prata, constituída no bairro das Laranjeiras desde o início do século, já tinha a companhia do charmoso e acanhado estádio, e abrigava festas e eventos da alta sociedade. O Fluminense nadava de braçada nesse mar de luxo e glamour, e emplacava vitoriosas equipes nas já popularizadas competições de futebol.

O tempo passou, o futebol profissionalizou seus jogadores, de forma generalizada, o Fluminense tornou-se um time de massa, eliminou as restrições raciais, ganhou títulos, conquistou respeito no meio futebolístico e se posicionou como uma das maiores forças do futebol brasileiro. No momento em que as contradições do sistema forçaram os clubes - reféns do desenvolvimento da lógica moderna - a profissionalizarem a sua administração como medida essencial de sobrevida, o Fluminense entregou as suas finanças do futebol profissional e, como consequência, o seu poder de decisão nos assuntos relacionados, a uma empresa de planos de saúde. Veja só, que golpe da modernidade! O mais claro reflexo da sociedade moderna, a privatização do que jamais poderia ser privatizado: o futebol. Digo, a saúde. Que ironia, não?

O capital, histórico aliado do Fluminense, armou uma jogada inesperada e impôs ninguém menos que Vanderlei Luxemburgo, flamenguista, no comando do futebol tricolor. Mais do que isso, como num amálgama de conceitos, tendências, morais, preconceitos, lógicas tortas, medos privados e tudo de menos revelável que qualquer personalidade possa ter, desvelou-se o mais obscuro desejo da elite tricolor: o de ser igual aos "outros".

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O Vasco e Flamengo dos padrões FIFA.

Ainda que os números defendam com afinco e alguma galhardia a lógica que reverte o senso comum de crença em alguma superioridade rubro-negra sobre o gigante-da-colina, não vamos nos render a estes gélidos signos, de tanta arrogância, rispidez e indiferença. Quem lhes queira, que vá atrás das compilações de dados, tão úteis e monótonas quanto um frasco cúbico de isopor. Aquele mesmo que mantém geladas as companheiras cervejas que acompanham o ritual clássico de se assistir o jogo dos milhões. 

São milhões. Reunidas, a 1ª e a 5ª maiores nações do futebol brasileiro, numa seleção de 50 mil abastados agraciados pela ocasião, em plena capital nacional, fazem ensurdecedor ruído de paixão incondicional. Apenas a reverberação de uma orquestra de percussão de mais de 60 milhões de almas devotas. Corações rendidos.

O presente, como se vê, não é de flores. O Flamengo passa por uma reestruturação organizacional, bem aos moldes das corporações capitalistas, afinal, tem em seu comando geral um burguês de mão cheia, o novo presidente, que poucos sabem o nome e o elegeram muito mais pelas credenciais da grana do que por alcunha, representatividade histórica, paixão, ou coisa que os valham. O técnico, Mano Menezes, um perfeito gerente de departamento corporativo. Meio estilo disciplina do capital, meio militar reformado - apesar de ele mesmo nem sonhar-se desta maneira - costuma funcionar. Apesar do revés na seleção, este gaúcho de pouco mais de 50 anos, joga o futebol de justos resultados. Aposta tudo no seu faro de placares mínimos e vitórias apertadas. Costuma dar heroica moldura aos seus comuns triunfos. Eu acho, é pouco. 

O flamenguista nunca gostou de miséria e, em que se puder evitá-la, como no campo de futebol, dos sonhos por novos Zicos, Júniors, Leandros, Nunes, Andrades e Adílios, que faça-se desta forma, pensa o rubro-negro. O time, ainda meio que uma desordenada compilação de médios-talentos, como o goleiro Felipe, o bom e velho Leonardo Moura, o gringo-brasileiro valente González na zaga, e boas surpresas, por vezes nem tão novas assim, no meio, como Elias e Paulinho (não esse de hoje). Na frente, Marcelo Moreno, um caneludo de primeira, acompanhado do bom Gabriel. A qualquer momento, conta-se com presença colérica do jovem Nixon, de poderoso futebol. 
       
De forma melancólica, pode-se dizer que foi suficiente para bater a inoperante esquadra cruzmaltina. Como dinamite, o bom time do Vasco de 2 anos atrás explodiu em meio a dívidas e deserções. Roberto, o ídolo-presidente, é o espelho de uma grande parcela de carismáticos políticos brasileiros. Dotado de algumas boas vontades, para si e, às vezes, à maioria, é a personificação de uma incompetência com tons de silêncio tchekhoviano. Tem trocado o comando da equipe por repetidas vezes nos últimos tempos e, com pretensões românticas e paliativas, já se apressou em empossar no cargo o velho conhecido e mal-compreendido Dorival Júnior, vitorioso na campanha do retorno à Série A, anos atrás. Será medo, esperança ou um verdadeiro amálgama de sentimentos essencialmente inseguros? O vascaíno sofre.
       
Do magro e apático 1 a zero para o Flamengo, há pouco o que se falar, senão menção honrosa ao esforço do bravo Elias, um tom de classe à meia-cancha flamenguista. Louros também ao autor do gol, Paulinho. Um gol diminuto, inversamente proporcional à vasta imensidão do abismo que separa a grandeza destas instituições e a limitada visão periférica de quem as pensa e dirige.
       
O Rio não tem mais estádios, pode? Tem rios de dinheiro público rolando nos mais obscuros campos do entendimento humano; o Maraca tem dono - o ex-homem mais rico do Brasil - botafoguense e o Botafogo também não têm onde jogar. O clássico dos milhões é e sempre foi do Maraca, mas o Maraca agora tem dono. O dono de tantos milhões.
     
E nessa trama-mutreta tão brasilianista, o clássico foi parar em Brasília, a preços absurdos, para vascaínos e flamenguistas que somente conhecem as ruas das janelas de suas naves blindadas de qualquer externo distúrbio. Não menos apaixonados, talvez, mas menos interessados em bagunçar seus topetes em meio a pulos e gritos apaixonados. E este tão conservador trato é reflexo direto de tudo o quanto se pode ver deste futebol enlatado de Flamengo, Vasco e todos os outros ditos grandes no Brasil, no caldo de um espírito tão reacionário quanto de quem só pode pensar naquilo - na Copa do Mundo.

Que mesmo os mais despercebidos, distraídos ou alienados, por que não?, de uma maneira ou de outra sintam-se, ao menos, coçados pela indiferença, arrogância, rispidez, verdadeira maldade, que se reflete na realidade de suas mais íntimas paixões, como os clubes de futebol, suas casas (dos clubes e dos próprios tantos torcedores, expropriados de seu chão por decreto do padrão FIFA), suas cores e bandeiras. Que este triste Vasco e Flamengo em Brasília seja símbolo da indignação dos traídos. Um movimento duramente naturalizado guela abaixo de todos nós e que será reproduzido até quando se puder. 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A bola, a TV e os 13.

O Corinthians e os grandes clubes de futebol do Rio de Janeiro saíram do Clube dos 13. Dizem, o Palmeiras e outros vem aí. Todos fundadores da entidade, que tinha como proposta inicial a criação de uma liga independente da CBF, autônoma e transparente, e que depois se rendeu às facilidades de ser apenas uma intermediária das negociações de direitos de transmissão do campeonato, livrando-se assim do ônus de ter que organizar a competição. Seria Andrés Sanchez um mártir, guardião dos direitos dos clubes?

Jamais. Seu interesse nada tem a ver com assegurar qualquer legítimo direito de negociar individualmente os direitos de sua agremiação. Assim como não deve ser encarada como vanguardista ou legalista a atitude dos cariocas. Não se engane, nenhum destes está agindo para o bem do futebol brasileiro, como estão (eles mesmos) dizendo. Diz-se, à boca pequena, que trata-se de uma lealdade forçada à TV Globo, que teria lhes adiantado parte do dinheiro referente aos direitos de transmissão, sem sequer ter ganho a concorrência para o próximo triênio. É um jogo de rabo preso, uma manobra ilegal, à margem das vias que colocariam o futebol brasileiro no rumo certo.

Sem dúvida, o melhor dos dois mundos seria a criação da liga, sob administração rotativa dos presidentes dos clubes e com executivos contratados, gestão profissional. Que fosse responsável pela total organização do campeonato, desde aspectos técnicos das quatro linhas, até a geração de imagens e comercialização das mesmas. Com quotas proporcionais ao volume de exibição de cada clube, ou até com divisão igualitária. O Clube dos 13 sobrevive às custas da incapacidade (leia-se falta ou sobra de interesse) dos clubes de se organizarem sozinhos. E tira muito proveito disso. É um escritório com alguns poucos funcionários, baixo custo operacional e responsável por transações que, este ano, atingirão a marca de bilhões de reais, sejam oriundos da fiel fortuna do Bispo, ou da manjada negociata global.

Nessa briga, não há mocinhos ou bandidos. Aconteça o que acontecer, sempre foi e, pelo jeito, continuará sendo cada um por si. No pior sentido e na mesma torta direção.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Futepatologia.

Onde será que se perdeu meu gosto por falar de futebol? Realmente, se estou ausente deste canal há bom tempo, existe um motivo. E cabe alguma reflexão para descobri-lo.

A idade tem papel, mesmo que secundário. O futebol é paixão demais para ser maduro. Por isso, é tão bom. É criança mimada, é pelada de rua. É amor puro e ao mesmo tempo sexo selvagem, na lama, na raça do gol suado. É classe, também: do chapéu, do drible curto. É a malícia da caneta, do gol de letra. É vida e fantasia, ao mesmo tempo.

Mas, o futebol de hoje é muito mais dos cartolas, que, apesar dessa alcunha, em sua maioria, não são nada elegantes ou discretos. Caras-de-pau, chutam o balde e confundem paixão pública com tesão privado. É a tara da riqueza fácil, da fama plebeia que deveria ser propriedade exclusiva dos verdadeiros boleiros. Desde que a bola é grana, a malandragem vem sendo, gradativamente, substituída pela sacanagem de colarinho branco. A safadeza do branco de corpo e alma, do cego ao coletivo. O vendido-homem de família, travestido de sério e de mole-falso-pseudocordial discurso corporativo, a tudo quanto é assunto popular. Nunca foi tão difícil unir, de dentro pra fora dos clubes, paixão e futebol. Os jogadores (e diga-se aqui, boa parte deles sem qualquer talento futebolístico) passaram de boleiros a blogueiros - enganosos propagandistas de um estrelato sem razão de existir. O futebol passou de vida e pureza-fantasia a engodo de má qualidade. O jogo mal jogado é coqueluche mundial de futebol eficiente. Logo a arte transmutou-se em ciência, como num passe de mágica.

Os lances ilusionistas dos magos dos gramados simplesmente desapareceram. As cifras se multiplicaram e o apego do herói ao seu uniforme sumiu. Assim, os heróis não são mais heróis, senão por menos de seis meses. Meia dúzia de jogos e já vão esconder-se em qualquer gélido canto do planeta. O mundo é uma bola e ela está cada vez mais murcha.

Agora entendo melhor quando me chamam de corinthiano doente. Camisa loteada? Promessa de estádio-esquemão? Moradei, Moacir e Morais? Ingresso em lugar descoberto a 100 reais? Fora a inversão de valores atribuídos às competições. O Paulistão é "paulistinha", O Brasileirão é obrigação e o importante é a Libertadores. Onde ninguém se conhece, corinthians e cruzeiro é clássico. Afinal, quanta rivalidade! Nossos arqui-inimigos, os azuis. Não seriam os verdes, os tricolores? Até os alvinegros praianos, por que não? Não serei hipócrita, claro que é emocionante. Mas, muito mais uma emoção enlatada que compramos sem querer, querendo. Porém, francamente: escalonar emoções, classificá-las, atribuí-las níveis de importância? Só pode ser patologia.

terça-feira, 20 de julho de 2010

brasileirão pós-copa.

a ressaca pós-copa mal teve tempo de ser curada, e já recomeçou o campeonato brasileiro. a disputa pelo caneco, sempre muito equilibrada dentre todos os participantes, tende a se concentrar entre corinthians, fluminense, santos, cruzeiro e são paulo. salvo alguma surpresa, esse deve ser o grupo que vai brigar pelo título. na briga da libertadores, seguem flamengo, palmeiras, atlético mineiro, internacional e grêmio, podendo até algum desses dar uma escapada e encostar na ponta. pouco provável.

o melhor futebol apresentado, por enquanto, é nenhum. nem o santos de toques rápidos e jogadas mágicas está empolgando mais. ganso, neymar e robinho têm muito talento, mas não têm como evitar falhas do sistema defensivo, muitas vezes composto por nomes como pará e maranhão. nada contra os estados, mas os jogadores que se apropriaram destes nomes e os usaram como suas alcunhas, estão longe de arrancar suspiros da torcida santista. o corinthians joga feio e ganha apertado; o elenco é limitado, o time é razoável e o goleiro ainda é uma incógnita. mandar embora uma promessa como felipe e contratar o vovô paraguaio bobadilla é uma aposta arriscada. o fluminense tem muricy, mas ainda não ficou provado que basta o ex-técnico sãopaulino no banco para brigar pelo título. o time das laranjeiras vem jogando fechadinho e conseguindo bons resultados. mas, um campeão precisa mais do que isso, precisa saber atacar quando preciso. com as tão aguardadas chegadas de deco e beletti para municiar o artilheiro fred, possivelmente esse problema será solucionado. o cruzeiro tem um bom time, que joga junto faz tempo, um elenco nivelado, boas revelações como jonathan e diego renan nas laterais, mas também tem cuca no banco. o eterno treinador chororô ex-botafogo ainda não mostrou que é capaz de ganhar um brasileirão. seus times costumam ser bem armados, mas sempre falta aquele "algo mais". cuca aparenta ter dificuldade até para motivar a si próprio, quanto mais os jogadores. já o são paulo joga sempre com menos pressão que os demais. o número de títulos acumulados nos últimos anos traz tranquilidade para trabalhar. fora isso, tem um elenco experiente e entrosado. os pontos negativos são o técnico ricardo gomes que, apesar de já estar dirigindo o são paulo desde o ano passado, ainda não conseguiu dar padrão de jogo para a equipe tricolor. aliás, nem definiu um time titular sequer. outro ponto negativo (e, aí, muitos sãopaulinos vão discordar), é a "imortalidade" de rogério ceni. há mais de ano, o ídolo já "virou o fio", mas não quer largar o osso. seria muito útil como dirigente ou algo do tipo. dentro das quatro linhas alterna uma boa atuação com dez partidas médias, fracas ou patéticas. todavia, sua liderança ainda parece ser saudável.

na luta pela vaga libertadores, há de se destacar mais firmemente o palmeiras de felipão, apenas por causa do treinador. time por time, flamengo, inter, grêmio, atlético mineiro e palmeiras se equivalem, mas o técnico pentacampeão do mundo pela seleção brasileira tem tudo para fazer a diferença nessa disputa.

o botafogo de joel santana parece fadado a ficar no limbo da zona de classificação para a copa sulamericana. os outros, tendem a orbitar entre esse limbo e a zona de rebaixamento. para cair, os grandes candidatos desse ano parecem ser vasco, atlético goianiense, atlético paranaense, guarani e grêmio barueri de presidente prudente.

a sorte está lançada.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

vai, flamengo!

amigos, nesta postagem estou repetindo parte do texto originalmente publicado neste blog no dia 04/09/2008. é uma homenagem ao flamengo, clube que venceu o galo no mineirão no último domingo e que, diante do que se apresenta, terá, daqui até o final do campeonato, a minha torcida para que conquiste o brasileirão deste ano.


sobre o clube de regatas do flamengo

era 1912. o flamengo já tinha 17 anos de fundação, porém jamais havia se aventurado num campo de futebol. era um clube de regatas, apenas regatas. fluminense e botafogo já faziam seus matches desde a década anterior. como descreve brilhantemente mario filho em seu clássico "o negro no futebol brasileiro", naquele ano de 1912, assim surgiu o flamengo que hoje conhecemos:



(à época havia) Um traço comum: a paixão pelo futebol. Era isso que assustava o clube de remo. De tal modo que foi uma luta convencer o Flamengo a entrar para o futebol. Nem mesmo recebendo de presente um time campeão, inteirinho, que tinha saído do Fluminense.


Dos campeões de 11, somente dois ficaram fiéis ao Fluminense: Osvaldo Gomes e Calvert. Os outros, Baena, Píndaro e Neri, Lawrence, Amarante e Galo, Baiano, Alberto Borghert e Gustavo de Carvalho, alguns do Rio (Futebol Clube), o clube de garotos do Fluminense, dispostos a ir para o Flamengo. E levando sócios com eles, torcedores, gente que o Flamengo precisava.


O Flamengo hesitou, acabou cedendo, mais para fazer uma experiência. Se o futebol não combinasse com o remo, nada feito.


...


(poucos anos depois) Também o remo e o futebol já se tinham misturado. O Flamengo não era mais dois clubes que viviam juntos, um de remo, outro de futebol, era um clube só. Com mais glórias até no futebol do que no remo. Só depois de levantar dois campeonatos de futebol é que o Flamengo levantou um campeonato de remo.


O futebol fizera-o mais forte em tudo, até no remo.



e foi assim que surgiu a maior torcida de futebol do mundo. deste embrião.
o flamengo sempre foi grande no futebol. pode-se dizer que este período de abnegação ao esporte bretão, de 17 anos desde a sua fundação, foi uma espécie de gestação do sentimento futebolístico no coração do flamenguista. e quando este desabrochou, foi com vontade. o flamengo é raça, paixão, tradição. o flamengo é arte. é futebol-arte.
o flamengo só não teve pelé porque o rei era vascaíno, mas teve seu antecessor e seu sucessor zizinho e zico, respectivamente. teve também dida, ídolo de zico. dida era o camisa 10 e principal craque da seleção às vésperas da copa de 58, quando sofreu uma contusão e deu lugar ao jovem pelé. até garrincha jogou no flamengo, porém sem brilho, em fim de carreira. nem precisava, seria muita crueldade que garrincha não tivesse brilhado no botafogo, e sim no flamengo.
os campeonatos começam e terminam, o flamengo os vence ou os perde, mas aconteça o que acontecer, o flamengo continua flamengo. não sou flamenguista, particularmente no rio de janeiro até tenho mais afinidade com o botafogo, mas é impossível ficar indiferente ao brilho ofuscante do flamengo.

sábado, 7 de novembro de 2009

curta (torcida) homenagem ao galo.

o atlético mineiro, do gelo ao céu (sem quatro estrelas), felizmente renasce perante o cenário nacional do esporte mais globalizado do lado oeste do planeta.

após 38 anos de espera, enfim, chega a tão sonhada hora do galo disputar seriamente o mais desejado campeonato do futebol nacional. nada mais merecido para o mais querido de minas, que lota estádios e inflama radiotransmissões brasil afora.

o que resta é meia dezena de infindos jogos que, logo terminados, decretarão o campeão desse ano. que seja o galo, o clube que, definitivamente, mais deseja e precisa deste troféu.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

14 dias sem corinthians

o intervalo de 14 dias sem jogos do corinthians, em pleno meio de campeonato brasileiro, significou um vazio imenso para toda a nação corinthiana. dias vazios, de tristeza. com este sentimento, fiz um poema. sei que não é lá bem a temática deste blog. mas fica aí, agora, minutos antes de se encerrar esse "jejum" (o corinthians jogará contra o coritiba, na capital paranaense, dentro de poucos minutos), o meu grito de agonia contra a falta de sensibilidade dos que elaboraram (ou alteraram) a tabela de jogos do meu timão.

_________________________________

14 dias sem Corinthians

Meu sentimento por ti é translúcido
aos lúcidos olhos dos puros de alma
e libertos das cruéis amarras
dos tabus sem razão de ser.

Te ter por perto é real
a ponto de fazer-me sentir aberto
a caminhar pelas mais deliciosas
fantasias; viciosas peças de prazer.

A tua ausência é certeza de vazio,
um filme sem final, sem companhia;
é fevereiro sem carnaval,
boteco sem filosofia.

____________________________________