quinta-feira, 26 de junho de 2008

o futebol e a rede

futebol e rede há muito tempo têm fortes laços de união. muito se ouve dizer que futebol é "bola na rede", que o atacante "balançou a rede" do adversário e outras coisas do tipo. porém, pelo menos a partir do início dos anos 80, com a revolução da informação, a globalização de tudo, inclusive da cultura ou, se preferir, a imposição da cultura imperialista guela abaixo, o futebol passou a depender de redes. de redes de televisão.
a maior parte dos clubes de futebol profissional dos principais campeonatos do mundo depende quase que exclusivamente dos patrocínios pagos pelas redes de televisão. em troca, acabam se sujeitando a aceitar tabelas por elas impostas, a remanejar datas de jogos para transmissão televisiva e a aceitar passivamente demonstrações claras de desrespeito à liberdade de escolha do torcedor.
na última quarta-feira, ontem, a rede, em todos os sentidos, foi a protagonista do recheado dia de futebol. pela tarde, alemanha e turquia fizeram a primeira semifinal da eurocopa 2008. num jogo eletrizante, os alemães balançaram a rede turca por 3 vezes, contra 2 dos turcos. pena que, graças a uma falta de estrutura ímpar para os padrões europeus, em todas as partes do mundo, todos os que estavam assistindo o jogo ao vivo pela televisão, tiveram o desprazer de serem impedidos de ver praticamente metade do jogo, inclusive perdendo 2 gols da partida, um de cada equipe. a rede de televisão responsável pela transmissão da euro não resistiu a uma tempestade de verão, típica da época, que derrubou o sinal e cegou os entusiasmados telespectadores por várias vezes durante o duelo.
mais tarde, outra bola fora. desta vez da rede globo, dona do futebol brasileiro, para não dizer do brasil, que privou os telespectadores paulistas de assistir o festival de bola na rede acontecido em quito, no equador, pelo primeiro jogo da final da libertadores: ldu 4 x 2 fluminense, que agora, no jogo de volta no maracanã, terá de balançar a rede da equipe equatoriana 3 vezes, sem deixar que balancem a sua, para levantar o caneco sulamericano pela primeira vez na sua história, sem necessidade de prorrogação nem pênaltis. a rede globo acabou transmitindo para são paulo, no mesmo horário, o monótono empate em 1 a 1 do corinthians contra o bragantino válido pelo, não menos sem graça, campeonato brasileiro da série b.
hoje quem balançou bastante a rede foi a espanha, 3 a 0 na rússia pela outra semifinal do campeonato europeu de seleções. desta vez, pelo menos, sem tempestades. domingo tem alemanha e espanha disputando o título. é sinal de muita bola na rede ou maior chance de queda de sinal por falha da rede? veremos.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

grande berry!

há cerca de um mês, comprei o ingresso para o show do chuck berry, a lenda viva do rock'n'roll. por nada eu perderia essa chance de ver o homem ao vivo, nem por um brasil e argentina. pois assim foi. semana passada me dei conta que o dia 18 de junho, além de aniversário de 66 anos de paul mccartney, seria a data do jogo brasil x argentina no mineirão. mas e daí, que brasileiro se importa com a seleção nos dias de hoje? não fosse o ufanismo exacerbado de galvão bueno e a globo, pouca gente daria alguma importância para esse jogo, um brasil x argentina com cara de amistoso, nada mais que isso. mas, por quê?
os motivos são vários, porém o maior deles é a falta de identificação dessa seleção com o povo brasileiro e a significativa falta de compromisso de boa parte dos jogadores para com esta sagrada camisa. fora isso, um técnico que é símbolo de anti-futebol, um pau-mandado da cbf que, por sua vez, não representa a seleção do povo brasileiro, longe disso, vendeu a comercialização dos jogos brasileiros para uma empresa de eventos estrageira, como se a nossa seleção fosse um produto, vendendo assim também os nossos sentimentos.
o resultado de toda essa história não poderia ser diferente: uma seleção apática, jogadores sem vontade, sem gana, sem raça, um técnico sem experiência, sem qualidade e sem nenhum, absolutamente sem nenhum carisma, característica fundamental para um técnico de seleção brasileira.
comecei então a gargalhar do fato de o show ter sido no dia do jogo. passei uma noite agradável ao lado dos meus amigos-irmãos, ao som de chuck berry, ao vivo (!), e ainda tive o prazer de não assistir a um aparentemente muito tedioso brasil 0x0 argentina. grande berry!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

ratzel e o sport recife

o sport recife é o mais novo campeão da copa do brasil. eliminando favoritos, todas as vezes fazendo o resultado em casa, a equipe pernambucana venceu ontem o corinthians na final e faturou o caneco. mas qual será a receita do sucesso do leão do norte?
com um time muito experiente, cheio de "refugos" de vários grandes clubes do brasil, como daniel, agora daniel paulista (ex-corinthians), sandro goiano (um puro-sangue ex-grêmio), romerito (ex-corinthians), leandro machado (ex-internacional), enílton (ex-palmeiras), roger (ex- são paulo e palmeiras) e principalmente carlinhos bala, que passou pelo cruzeiro mas voltou a pernambuco, comandados pelo, não menos refugo, técnico nelsinho baptista (ex-quase todas as equipes do brasil e do japão), o sport trucidou todos os adversários na ilha do retiro, vencendo a copa e conseguindo assim, também, uma vaga na libertadores do ano que vem.
se para friedrich ratzel, geógrafo determinista alemão, território significava poder, para a equipe do sport, campeã da copa do brasil 2008, com méritos, não foi diferente. porém, o predomínio do fator campo para a equipe pernambucana se traduziu, não só através do apoio de sua fanática torcida, como também como um elemento de intimidação, se valendo de atitudes escusas como não permitir que o time adversário se aquecesse no gramado e não ceder a carga de ingressos adequada à torcida do time visitante. fora tudo isso, o fator campo para o sport foi ainda mais decisivo em outro sentido, muito mais inusitado e pouco abordado pela mídia até aqui. como ainda ninguém se perguntou como jogadores de tão baixo nível técnico como os do sport, comandados por um técnico tido como ultrapassado como nelsinho baptista, conseguiu resultados tão expressivos diante de times como inter, palmeiras e até corinthians, todos com elencos e comissões técnicas de níveis superiores aos seus? para mim, uma coisa ficou clara: o fator campo em sua concepção mais crua, o campo de jogo, propriamente dito, o gramado que, na ilha do retiro, mas se assemelha a um pasto ou a uma plantação de batatas, lugar em que o sport treina todos os dias, conhece todos os buracos e imperfeições, já se acostumou com os "quiques" inesperados de cada passe ou chute e sabe exatamente a velocidade que deve ser imposta à bola para cada tipo de jogada. quem disse que o fator campo (ou território) não ganha jogo, acertou, pois ele ganha muito mais do que isso; ganha título.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

fandango rio-são paulo

o fandango é uma dança de origem ibérica, datada do período barroco, praticada aos pares, aos sons da viola, da castanhola e do sapateado. no brasil, "fandango" designa um bailão tipicamente gaúcho, da população rural dos pampas, uma festa que reúne homens e mulheres, de todas as idades, numa grande confraternização em torno da dança, praticada através de uma grande roda em que as "damas" acompanham os passos dos cavalheiros, que têm liberdade para improvisar, a fim de impressionar suas respectivas damas, tudo isso ao som da viola e do acordeão.
pois, ontem o futebol foi um grande fandango.
em são paulo, o corinthians do gaúcho mano menezes, tirou o sport para dançar e chegou a estar vencendo por 3 a 0 (gols de dentinho, herrera e acosta) até o último minuto de jogo, quando tomou um gol estilo "água no chopp" de enílton, decretando o placar final de 3 a 1. no jogo de volta, para dançar o frevo, o sport terá de vencer por 2 a 0 ou, se tomar gol, por 3 ou mais gols de diferença, caso contrário, terá de assistir o gaúcho william, zagueiro, xerife e capitão do corinthians, dançar o fandango com o caneco na mão, na ilha do retiro.
na cidade maravilhosa, o jogo de volta da final antecipada da libertadores entre fluminense e boca juniors começou ao tom do tango, com o gol de palermo, de cabeça, pra variar, abrindo o placar no maior do mundo. porém, empurrado por 85 mil tricolores e comandado por renato gaúcho, um gaúcho-carioca, mas nem por isso menos gaúcho, deu-se ínicio ao fandango que começou com o gol de falta de washington coração-de-leão, passou pelo gol de conca, com a ajuda da atordoada zaga xeneize e terminou em grande estilo com o gol de dodô, o artilheiro dos gols bonitos. um baile tricolor, que agora enfrenta a zebrassa ldu, do equador, tendo ainda a vantagem de jogar a finalíssima no maracanã. como a própria torcida diz, "o show tem que continuar".

terça-feira, 3 de junho de 2008

expectativa

é saborosa a expectativa no futebol. e, em tempos de decisão, essa expectativa aumenta, saborosamente. seja na sua pelada de fim-de-semana ou no jogo do seu time de coração, a expectativa alimenta a explosão da vitória ou a decepção da derrota.
no campeonato brasileiro, a maior expectativa é para que este comece de fato, o quanto antes. claramente esvaziado pelas fases decisivas de libertadores e copa do brasil, e pela abertura do mercado europeu que, certamente, varrerá boa parte de nossos talentos até o final de julho, só deve começar, verdadeiramente, em agosto, quando as equipes terão os seus elencos definitivos para o restante da temporada.
mais especificamente para algumas equipes, a expectativa anda em alta. no santos, ela vem para o início do trabalho do técnico cuca, que se desligou do botafogo e desembarcou na vila belmiro. será que cuca terá apoio, principalmente financeiro, para realizar um bom trabalho?
já no internacional, a expectativa fica para a chegada de um novo técnico, após a saída de abelão para o petrofutebol árabe. será que esse time, excelente no papel, enfim decola em campo?
no são paulo, a expectativa gira em torno da permanência de muricy. será que ele suporta mais 2 ou 3 resultados negativos?
para o botafogo, aconselho aos seus torcedores a não alimentarem muitas expectativas, pois sem dinheiro e com geninho, o ano tem tudo para ser muito difícil.
por falar em botafogo, fiquemos atentos à truculenta polícia do recife para o segundo jogo da final da copa do brasil na ilha do retiro. bairrismo ou despreparo mesmo?
o sport, que (ainda) não tem nada a ver com isso, se prepara para encarar o corinthians, na expectativa de não sentir a ausência de romerito, de volta ao goiás.
já, para o corinthians, resta a expectativa de fazer um grande jogo amanhã no morumbi, para poder viajar tranquilo para o jogo de volta no caldeirão pernambucano. e que os "pendurados" dentinho, chicão, william e herrera, não tomem cartão, pelo amor de deus!
porém, sem sombra de dúvidas, a maior expectativa da semana fica por conta da final antecipada da libertadores, entre fluminense e boca juniors no maracanã. e, mais uma vez, fica a expectativa, pelo lado tricolor, para que o fluminense não se intimide diante da mística xeneize e, pelo lado porteño, para que o boca mantenha acesa a chama dessa mística.