quinta-feira, 29 de maio de 2008

heróis e vilões

no esporte, em que a linha que separa a vitória da derrota é tão tênue e a glória caminha junto com a profunda decepção, é natural que se produza, através deste processo, um enorme número de heróis e vilões. e, como não poderia deixar de ser, no futebol isso acontece com muita intensidade, dada a sua popularidade e o fanatismo de seus incontáveis aficcionados.
a noite de ontem foi um grande exemplo de tudo isso. em buenos aires, no estádio do racing, foi disputado o primeiro jogo de uma das semifinais da libertadores. o fluminense conseguiu um bom empate diante do poderoso boca juniors por 2 a 2. nesta partida, a torcida argentina se viu diante de um grande herói e um impiedoso vilão. o herói, como sempre, foi riquelme, que marcou os dois gols xeneizes. já o vilão foi o goleiro migliore que tomou um frangasso, permitindo o empate do fluminense.
em são januário, jogo de volta da semifinal da copa do brasil entre vasco da gama e sport recife. o sport tinha conseguido uma grande vantagem no jogo de ida, 2 a 0. ontem, o vasco, precisando partir para cima, fez um primeiro tempo apático e todas as grandes chances de gol acabaram sendo pernambucanas, porém o 0 a 0 se manteve. já no segundo tempo, o vasco pressionou e conseguiu o primeiro gol através de leandro amaral, numa cabeçada. o resultado de 1 a 0 ainda não era suficiente e, por isso, o vasco continuou tentando. no fim do jogo, quando todas as esperanças haviam praticamente se esgotado, eis que surge edmundo, enterno ídolo vascaíno, para completar para o gol o rebote do goleiro magrão, e como um herói decretar a decisão por pênaltis. porém, logo na primeira cobrança da séire, edmundo faz o vascaíno reviver o pesadelo de outras vezes. assim como na decisão do mundial de clubes de 2000, diante do corinthians, edmundo perde o pênalti, todos os outros batedores de vasco e sport acertam e o sport está na final. edmundo, mais uma vez, vira vilão.
no morumbi, a outra semifinal. corinthians e botafogo jogando a partida de volta, após uma vitória carioca por 2 a 1, de virada, uma semana antes, no engenhão. no primeiro tempo, muito medo por parte das duas equipes e um apagado 0 a 0. na segunda etapa, o corinthians começou com tudo e, aos 6 minutos, através de uma jogada pela direita do argentino herrera, acosta, que havia acabado de entrar, desviou para o gol fazendo 1 a 0, resultado que classificava o corinthians pelo critério de gols marcados fora de casa. porém, a fiel quase nem pôde sentir o gosto da classificação. 2 minutos depois, o botafogo empatou. o goleirão corinthiano felipe falhou feio no cruzamento vindo da direita, errando o tempo de bola, e o zagueiro botafoguense renato silva, da pequena área, completou para o gol vazio. um momento de angústia no morumbi. logo a angústia deu lugar à alegria. após falta sofrida por dentinho, próxima ao bico direito da grande área carioca, chicão cobrou por cima da barreira e marcou o gol da redenção corinthiana. 2 a 1, resultado que se manteve até o fim da partida sem grandes sobressaltos, revelando uma certa cautela de ambas as equipes a partir de então. dessa forma, decisão por pênaltis. o corinthians começou cobrando e marcou. o botafogo também. as 9 primeiras cobranças foram convertidas sem dificuldade, até que o lateral-esquerdo zé carlos, do botafogo, que havia entrado no meio do segundo tempo, correu para a bola e bateu firme, a meia altura, no canto direito para espetacular defesa de felipe. definitivamente a noite era corinthiana e felipe tinha passado de vilão a herói e, dessa forma, para a história.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

emoção

após um pequeno recesso para o feriadão, estamos de volta.
e vamos falar de emoção. o sentimento de emoção, tão presente em nossas vidas, talvez seja o mais saboroso combustível para a alma. para os esportistas, amantes dos esportes em geral, como é o meu caso, este combustível pode ser facilmente obtido, em doses cavalares, tanto na prática, quanto na observação da prática esportiva. e a última semana foi uma oportunidade valiosíssima para viver o segundo caso.
corinthiano que sou, vibrei muito na terça-feira com o grito da maravilhosa fiel alvi-negra ecoando no engenhão, estádio do botafogo, diante de uma maioria carioca absoluta. me emocionei. acabei indo dormir irritado com a virada botafoguense, na base da raça e da emoção, no final do jogo. 2 a 1, mas dá pra reverter. no outro jogo, a emoção transmitida pela torcida do sport na ilha do retiro, a mesma que eliminou palmeiras e inter da copa do brasil, funcionou também contra o vasco. 2 a 0 pesados para se reverter em são januário.
na quarta, mais emoção. começando com a épica final da champions league. chelsea e manchester united fizeram um jogo até que morno no tempo normal e na prorrogação, com destaque para o brilho das estrelas cristiano ronaldo e lampard. e, como não poderia ser diferente, a maior carga de emoção ficou para o final: decisão por pênaltis e vitória do manchester através da perda do pênalti do capitão e torcedor número um do chelsea, o zagueirasso john terry, que ficou tão triste que até escreveu uma carta de desculpas para o torcida no dia seguinte. uma emocionada declaração e amor eterno.
mais tarde, o boca no méxico. o time xeneize é realmente só emoção na libertadores. após empatar, no jogo de ida, de forma decepcionante, por 2 a 2 com o atlas, no estádio do vélez, foi ao méxico e enfiou sonoros 3 a 0, com direito a golaço, por cobertura, de palermo, que nunca foi de fazer gol bonito, diga-se de passagem.
no maracanã, não precisaria nem falar. um jogasso, muito emocionante. com a vantagem do empate, por ter vencido o jogo de ida por 1 a 0 no morumbi, o são paulo entrou cauteloso no primeiro tempo contra o ofensivo fluminense, que abriu o placar. a partir daí o jogo ficou franco, com nenhum dos dois times querendo levar a decisão para os pênaltis. de repente, o são paulo empata, com adriano, pra variar. porém, o fluminense faz mais um no minuto seguinte, numa desatenção da zaga paulista e falha do goleiro rogério ceni. daí pra frente, só pressão do fluminense, coroada a meio minuto do fim com o gol salvador de cabeça de washington coração valente. sensacionalmente emocionante.
fluminense e boca farão uma semifinal, que fica com um jeitão de final antecipada diante da outra semifinal entre ldu e américa do méxico que acabaram eliminando san lorenzo e santos, respectivamente, na quinta-feira.
sexta-feira, a emoção para mim, excepcionalmente, não se concentrou no esporte. li o livro-biografia de tim maia, escrito por nelson motta, inteirinho no mesmo dia e quase chorei no final. recomendo.
já no sábado, um momento para relembrar ayrton senna. pole-position de felipe massa em mônaco. mais tarde, mais uma vitória do timão na série b. tá virando rotina, mas é sempre uma emoção.
já o domingo foi em clima de ressaca. felipe massa terminando num decepcionante terceiro lugar em mônaco e o campeonato brasileiro mais sem-graça do que nunca. times poupando jogadores para os jogos decisivos do meio de semana e um monte de empates por 1 a 1. de emocionante mesmo, e que emocionante, a despedida de guga das quadras em roland garros. nada mais aproriado para tal evento do que o sagrado solo francês, onde o manezinho da ilha levantou 3 canecos. apesar da já esperada derrota para o tenista da casa, cujo nome nem me lembro, o jogo foi todo para ele, com direito a troféu e discurso para o maior tenista brasileiro da história. grande guga! como diria fiori gigliotti, agüeeenta coração!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

seriedade e malandragem

o futebol brasileiro, essencialmente, sempre foi malandragem, ginga, drible, finta. no restante da américa do sul, essa malandragem inclui um forte traço de catimba e provocação. faz parte do nosso sangue latino e da nossa tropicalidade. já na europa, o futebol sempre foi encarado de forma mais séria, o próprio estilo de jogo de mais marcação e obediência tática, aspectos estes que nunca deram muita margem a nossa malandragem. porém, nas últimas décadas, com a globalização do futebol, com a troca de informações de forma muito mais rápida e dinâmica, e com os seguidos triunfos dos times que praticam futebol de resultado, vide as copas de 90, 94, 98 e 2006, além dos muitos exemplos de campeões nacionais por todo mundo, como, aqui no brasil, o pragmático são paulo nos últimos 2 anos, a malandragem do futebol começou a ficar fora de moda e, principalmente, passou a representar um risco à lucratividade, posto que não há nada mais lucrativo no futebol globalizado do que um time vencedor, não importando o tipo de futebol praticado.
na próxima quarta-feira teremos um grande duelo pela libertadores. estarão decidindo uma vaga nas semifinais da competição, no maracanã, o pragmático são paulo, do sério e carrancudo técnico muricy ramalho, que venceu o jogo de ida, no morumbi, por 1 a zero e o ofensivo e ousado fluminense, do malandro e polêmico técnico renato gaúcho, que não hesitou em comemorar o resultado obtido ao fim do jogo de ida. quem será que levará a melhor?
pelo campeonato brasileiro, aparentemente, mesmo tendo se passado apenas 2 rodadas, já temos favoritos tanto para a série "a" quanto para a série "b". quem desponta na primeirona como forte candidato ao título é o cruzeiro, com um forte time formado por muitos talentosos jovens jogadores, sob a batuta do ex-zagueirão e hoje técnico aspirante a estrategista adilson batista. correndo por fora estão também o palmeiras, do verdadeiro estrategista vanderlei luxemburgo e o internacional, do disciplinador abel braga, ambos tendo a vantagem de poder pensar somente na competição nacional, diferentemente do que acontece com outros candidatos naturais ao título como são paulo e fluminense, na libertadores, e o flamengo, já eliminado da competição sulamericana, porém ainda abalado pela inusitada derrota e a saída do comandante joel santana, que deu lugar ao ainda não totalmente adaptado e bonzinho demais caio júnior.
já na segundona, como não poderia nem deveria ser diferente, tudo indica para o total favoritismo do corinthians que, mesmo ainda pensando seriamente na copa do brasil, é o único time que venceu as duas partidas que fez no nacional, e parece realmente estar um passo a frente de todos os outros. e, falando em copa do brasil, amanhã o timão de herrera enfrenta o botafogo de cuca pelas semifinais num jogo imperdível.
também imperdível será a final inglesa da champions league nesta quarta. um grande duelo entre o futebol ofensivo, bonito e até moleque do manchester de cristiano ronaldo e carlitos tevez e o futebol de marcação e de rápidas saídas ao contra-ataque do chelsea de lampard e drogba. que vença o melhor.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

a globalização e o futebol

a copa da uefa, segundo mais importante campeonato europeu interclubes, foi decidida ontem, entre o azarão zenit, de são petesburgo e o improvável candidato ao título glasgow rangers, time da ala protestante escocesa. o zenit, de esquema tático mais ofensivo, venceu por 2 a zero e faturou o caneco. 5 anos atrás, tal resultado seria praticamente impossível, pois o zenit ainda era um time pequeno da rússia e nem sequer conseguia se classificar para qualquer competição européia. o fato é que há 2 anos o time foi comprado pela maior empresa de gás natural do mundo, a russa gazprom, que tinha como presidente, na época, nada mais, nada menos que o atual presidente da rússia, empossado na semana passada, dmitry medvedev. no início dessa temporada, o zenit investiu forte, contratando os melhores jogadores russos da atualidade e até alguns estrangeiros, totalizando um investimento de 220 milhões de dólares, investimento este que deu resultado e possibilitou a conquista do campeonato russo e da copa da uefa. nada mais simbólico do que o exemplo do zenit para explicar como o futebol se tornou, com a globalização, mais um grande negócio, onde investimento dá resultado e em que times são transformados em esquadrões da noite para o dia, não importando sua tradição ou qualquer outra coisa. agora, o próximo passo é a construção do estádio, um projeto de 280 milhões de dólares. nada mal para um time que nunca passou de um "marília" da rússia, com todo respeito ao grande mac.
por aqui, mesmo que em escala muito menor, o capital também faz as suas modificações na geografia do futebol. se, por um lado, o sport recife, talvez a maior sensação da copa do brasil deste ano, posto que o corinthians alagoano perdeu para o vasco por 3 a 1 e confirmou o seu adeus da competição, venceu o poderoso e rico inter de porto alegre, no alçapão da ilha do retiro por 3 a 1, e ficou com a vaga nas semifinais para enfrentar justamente o time cruzmaltino.
do outro lado da chave, o são caetano não resistiu ao time de maior receita de patrocínio do país, o corinthians, e perdeu também o segundo jogo do confronto nas quartas-de-final, desta vez por 3 a 1, e foi eliminado. o timão enfrentará o chorão botafogo de cuca nas semifinais.
o mais importante campeonato da américa do sul, a taça libertadores, também vem tendo a sua "rotina" alterada pelo fenômeno da globalização. o cantado em verso e prosa como favorito para levar o título, o boca juniors, empatou no estádio do vélez sarsfield, que foi utilizado devido à interdição da bombonera depois de incidentes ocorridos no jogo contra o cruzeiro na fase anterior, com o atlas do méxico por 2 a 2. os times mexicanos passaram a participar da competição em 2000 e de lá pra cá já tiveram um finalista, o cruz azul. muito populares e recheados de jogadores caros, fato que se deve ao investimento superior à maioria dos clubes sulamericanos, os times da terra da tequila vem dando um sabor diferente (nem melhor, nem pior) à agora "globalizada" libertadores, que passou a lucrar muito mais e, desta forma, a proporcionar prêmios muito mais generosos aos seus vencedores. em grande parte isso deve à "conquista" do mercado mexicano.
no outro jogo da noite, o duelo foi entre o são paulo, tradicional vencedor da libertadores, e o fluminense, participando somente pela terceira vez da competição sulamericana. embora tenha um patrocínio forte, o time das laranjeiras sucumbiu à tradição sãopaulina e ao imperador adriano que fez o seu quinto gol na competição e gatantiu a vitória por 1 a 0. adriano, por sua vez é um ótimo exemplo para a globalização no futebol. revelado pelo flamengo, o então desajeitado centroavante de 17 anos, se transferiu para a internazionale de milão. lá, ganhou corpo, dinheiro, fama e se transformou em "imperador". iludido pelo poder do capital, esqueceu de jogar futebol e, como tudo o que não serve para os países ricos é jogado de volta para os "em desenvolvimento", voltou para o brasil para jogar, desta vez, no são paulo. aparentemente recuperado, acaba de ser re-convocado para a seleção brasileira. será que agora ele tem mercado novamente na meca do futebol globalizado, a europa?

segunda-feira, 12 de maio de 2008

sem surpresas

começou, no último fim de semana, o campeonato brasileiro 2008 séries "a" e "b". sem nenhum fato excepcional e esvaziados pelo fato de ter equipes que ainda estão em outras competições de mata-mata, mais exatamente copa do brasil e libertadores, a competição nacional começou revelando um futebol de muita correria e técnica deficiente.
sábado o corinthians estreiou na série "b" em casa, no pacaembu, contra o crb de alagoas. como de costume, a equipe paulista ganhou apertado, por 3 a 2, de uma equipe que se esperava que fosse goleada. o técnico mano menezes escalou um time estranhamente ofensivo demais para os seus padrões, com dois meias ofensivos e 3 atacantes, porém quando estava 3 a 1, no meio da segunda etapa, voltou ao normal, colocando mais dois volantes e fechando o time a ponto de acabar com o poder ofensivo e proporcionar uma certa pressão do fraco time do crb, que acabou conseguindo fazer o seu segundo gol.
também no sábado, o são paulo confirmou a incostância e perdeu para o grêmio no morumbi. num jogo feio e apático, tipo de jogo que vem marcando as atuações do são paulo neste ano, a equipe gaúcha jogou como gosta, explorando os contra-ataques e conseguiu um gol de cabeça através de uma paralisação mental momentânea da zaga e do goleiro sãopaulinos. o são paulo só ameaçou em cobranças de falta, porém sem sucesso.
no domingo, novamente nenhuma surpresa. no paraná, com muita soberba e pouco futebol, o atual campeão paulista, o palmeiras, perdeu para o coritiba de michael, que se diz "michel", um insinuante driblador de muito potencial, que também não é mais nenhuma surpresa, pois é ex-atleta do guaratinguetá, este sim surpreendente semifinalista do último paulistão, time que revelou o meia franzino e de futebol moleque que destruiu um sonolento time palmeirense, com um gol e um passe para gol. 2 a zero coxa.
o santos, como era de se esperar, foi ao maracanã com o time reserva e perdeu para o desmoralizado, porém titular, time do flamengo, que não teve dificuldades para vencer por 3 a 1. a mesma facilidade tiveram cruzeiro e botafogo, apontados como favoritos para o título desse ano, ao vencerem sport e vitória, respectivamente, por 2 a zero.
também esperado foi o empate do fraco atlético mineiro em casa, por 0 a 0, contra o time reserva do fluminense. o galo montou, para o ano do centenário, um time que, somadas as idades, deve ter perto de mil anos, e mais uma vez decepcionou o seu torcedor. falando em time experiente, o inter venceu o vasco em porto alegre, por 1 a 0 e também fez o que se esperava dele. assim como o náutico, que venceu o goiás no caldeirão dos aflitos, confirmando sua força em casa.
já o ipatinga, quase rebaixado no campeonato mineiro deste ano e caçula da primeira divisão, também não contrariou qualquer expectativa e perdeu para o atlético paranaense em casa, por 1 a 0.
se você acompanhou a rodada, deve estar querendo me perguntar: e o fantástico e inusitado 5 a 5 entre portuguesa e figueirense, no canindé, não é uma surpresa? não, eu explico. quem acompanhou o jogo, sabe que a portuguesa esteve o tempo todo na frente, chegando a estar vencendo, até os últimos minutos, por 5 a 2 e cedeu o empate no fim. quem conhece um pouco da história do futebol sabe que isso é típico da portuguesa, portanto, repito: sem surpresas.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

passado, presente e futuro

ontem, quarta-feira, foi mais um delicioso dia de futebol. aquele futebol de meio de semana, dos jogos decisivos, dos campeonatos estilo "mata-mata". dos estádios lotados, dos gols fora de casa, dos árbitros que deixam o jogo correr, da alegria de uns, da tristeza de outros, da essência do futebol. mas, acima de tudo, ontem foi uma noite do passado, do presente e do futuro do futebol.
cruzeiro e boca juniors num mineirão lotado. jogo de libertadores e o cruzeiro precisando vencer por 1 a zero ou por 2 ou mais gols de diferença. neste jogo, o passado do boca pesou mais. um time calejado, de experiência, personificada na dupla riquelme-palermo, sem esquecer de palacio, e que golaço do palacio... o cruzeiro sucumbiu. porém sucumbiu deixando uma boa impressão, com um lindo gol de voleio do meia wágner, jogador de grande potencial, assim como o volante ramires e o atacante marcelo moreno, deixando claro que o cruzeiro não é um time para o presente, e sim para o futuro.
já o são paulo, expantou a zebra do nacional do uruguai no morumbi. o time de montevidéu, de passado glorioso, não resistiu ao chato, porém consistente time sãopaulino e sentiu a força do atual campeão brasileiro, de presente irretocável, mas de futuro incerto. o time brasileiro tem caído de rendimento, principalmente desde o início do ano, e dá sinais de fragilidade, principalmente na zaga, que já não é mais tão segura assim. aquela zaga dos sonhos, desde a saída de breno para a alemanha, faz parte do passado.
e quem será o futuro campeão brasileiro? eu cravaria no internacional de porto alegre, a não ser que fature logo a copa do brasil e relaxe no segundo semestre. ontem, o time de abelão e fernandão venceu o sport recife, de romerito, no beira-rio por 1 a zero e deu um passo importante à classificação às semifinais. assim também fez o vasco que, em são januário, massacrou o azarão da competição, o corinthians alagoano, time de passado desconhecido e presente surpreendente. 5 a 1, com direito a show de um jogador do passado, edmundo, e um outro do presente, leandro amaral, que jogou no vasco, fez que foi pro fluminense e voltou pro vasco. será que essa dupla tem futuro?
já o flamengo...
um vexame estilo maracanazo, como diria um amigo meu. maracanã lotado, despedida de joel santana, vantagem de dois gols adquirida no jogo de ida, noite de festa. o adversário, a quem possa importar, um tal de américa do méxico, um time de uniforme amarelo, centroavante rechunchudo e sebá domínguez (aquele mesmo de passagem apagada pelo corinthians) como xerife da zaga. o fato é que, muito preocupado em comemorar o título carioca de domingo, o time flamenguista se esqueceu de treinar nos últimos dias, perdeu a concentração e, sem respeitar nem um pouco o time mexicano, perdeu por nada menos que 3 a zero. não é de hoje que esse tipo de coisa acontece porém, para o flamengo, agora é bola pra frente, para que, nunca mais, nada disso aconteça no futuro.
sem dúvida, mais uma noite histórica para o futebol.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

corinthians e grêmio

ao assistir o jogo de ontem, corinthians e são caetano pela copa do brasil, jogo em que o corinthians, do gremista mano menezes, com um jogador a mais desde os 34 minutos do primeiro tempo, vencia por 1 a zero, gol de cabeça do grosso, porém raçudo, gremista-argentino herrera, e cedeu o empate a 5 minutos do fim, numa falha do capitão-zagueiro william, gremista declarado e ex-capitão do time gaúcho, para voltar a liderar o placar somente há 2 minutos do fim, com mais um gol do cabeçudo-raçudo-gremista hermano-herrera, comecei a viajar no tempo.
corinthians e grêmio são daqueles times que têm muitas coisas em comum em suas histórias. embora eu (corinthiano legítimo) tenha aprendido através de meu avô (espanhol, corinthiano de coração e colorado na infância) que o time do povo do rio grande do sul, o time das massas, o "corinthians do rio grande", como ele mesmo uma vez me disse, é o internacional e, sem que uma afirmação anule a outra, corinthians e grêmio têm enormes semelhanças inegáveis.
um querido tio meu, gaúcho e gremista doente, sempre me atormentou com suas histórias mirabolantes da mística gremista, cuja autenticidade só pude comprovar depois de completar a idade adulta, após muitos anos de prazerosa e constante pesquisa da história do futebol. e é exatamente através da mística que corinthians e grêmio se unem, de forma assustadoramente semelhante.
todos que têm algum conhecimento futebolístico conhecem a devoção da torcida corinthiana. ser corinthiano é algo inexplicável e talvez por isso tão contestado e odiado. vale lembrar a invasão corinthiana de 1976 ao maracanã, na semifinal do campeonato brasileiro daquele ano. o corinthians, àquela altura numa fila de títulos de nada menos do que 22 anos, levou mais de 70 mil fiéis. um dos acontecimentos mais espetaculares da história do futebol. na final, acabou perdendo para o inter de falcão, eterno inimigo gremista. já a torcida do grêmio, mesmo que muito menor, há muito tempo dá sinais de equivalente devoção, como pode ser comprovado no hino do clube que começa com o verso "até a pé nós iremos". este trecho se refere à greve dos trasportes públicos que ocorreu em porto alegre na década de 30, época em que o hino foi composto. até o nome dos dois clubes têm semelhança: a origem inglesa. sport club corinthians paulista e grêmio foot-ball porto alegrense. vale ressaltar que, no caso do corinthians (cuja tradução para o português seria "corintos"), o nome é uma homenagem ao time inglês corinthians casuals, que fazia uma excursão pelo brasil, mais especificamente pela cidade de são paulo, à época da fundação do nosso coringão.
porém, as semelhanças não param por aí. ainda no campo da mística, corinthians e grêmio têm suas histórias intimamente ligadas ao futebol de raça, de garra, a vitórias sofridas e até milagrosas. vitórias estas que construíram uma galeria de títulos de significados equivalentes entre si, eu explico. todos futeboleiros sabem que o maior título da história do corinthians foi o paulista de 77, o que tirou da fila, o da consagração do "pé de anjo" basílio, do técnico brandão, do maior público da história do estádio do morumbi, tradicional salão de festas corinthiano. neste mesmo ano, o grêmio também quebrou um tabu. em grande estilo, sob o comando de telê santana, derrotou o poderoso internacional, detentor dos 7 últimos títulos gaúchos e pôs fim à dolorosa hegemonia colorada. já em 81, contrariando a tudo e a todos, venceu o são paulo no morumbi, com um golasso de baltazar, que não é o cabecinha de ouro do corinthians dos anos 50, porém fez o gol do título brasileiro daquele ano, importante para o corinthians pelo fato de ser o início da formação do famoso time da democracia corinthiana, de sócrates, casagrande e vladimir, da luta pela redemoratização do brasil, pelas diretas já, do fim da concentração, enfim, do bicampeonato paulista 1982/83. 1983 talvez tenha sido o ano mais importante da história do grêmio, com a conquista da libertadores e do mundial interclubes pela equipe do jovem atacante, porém já polêmico, renato ou, para nós do dito "eixo rio-são paulo", renato gaúcho, que trucidou o hamburgo na final em tóquio, com dois gols. gols estes tão importantes quanto o gol de tupãzinho na final do brasileirão de 1990, que deu o título ao corinthians frente ao poderoso são paulo, base da seleção brasileira à época. vale frisar que este campeonato foi ganho, basicamente, por duas lendas vivas corinthianas: neto, o xodó da fiel e ronaldo, o eterno camisa 1 corinthiano. o mesmo goleirasso que foi peça chave, juntamente com marcelinho carioca, no título da copa do brasil de 95, conquistada em pleno estádio olímpico frente ao grêmio de jardel e paulo nunes. este último que, já em final de "carreira útil", fazia parte do time do corinthians que, desta vez, tomou o troco do grêmio perdendo o título da copa do brasil de 2001 em pleno estádio do morumbi.
em 2005, um fato inédito na história de grêmio e corinthians. ambos foram campeões brasileiros. o corinthians, de carlitos tevez, campeão brasileiro da série "a" e o grêmio, da batalha dos aflitos, campeão brasileiro da série "b", já que havia sido rebaixado em 2004, assim como acabou de ser o corinthians em 2007, perdendo o último jogo exatamente para o grêmio no estádio olímpico e amargando o descenso, tão conhecido pelos gremistas. e qual foi a solução encontrada pelo corinthians para voltar à elite? contratar o então técnico do grêmio, mano menezes.

terça-feira, 6 de maio de 2008

o futebol.

o futebol é um esporte. o esporte mais popular do mundo, o mais praticado, o mais tradicional, o mais democrático, o mais apaixonante. será? vamos por partes. o futebol é um esporte, sem dúvida, mas pode ser enxergado como um verdadeiro prisma, cheio de possibilidades, de ângulos, de pontos de vista, de visões, de reflexos. o futebol jogado na rua é uma brincadeira inocente, uma demonstração de pureza, um impulso pueril. o futebol de fim de semana é uma confraternização, uma reunião de amigos, um motivo para beber e se divertir. o futebol semi-profissional, dito de várzea, ou de divisões profissionais inferiores é paixão, é vigor, é competição. e o mais famoso de todos, o "verdadeiro" futebol profissional, dos grandes times, dos astros, dos campeonatos invencíveis, dos estádios lotados é um grande negócio.
nada mais (infelizmente) natural que, numa sociedade de consumo, num mundo globalizado, numa guerra mundial de imagens, numa produção desenfreada de ídolos, um esporte tão popular seja transformado em negócio. porém, o futebol nunca pediu para ser negócio. o futebol sempre foi e sempre será inocente por natureza. tão inocente quanto os olhos de quem enxerga a essência do futebol. e é com estes olhos que o futebol será visto através daqui.