no esporte, em que a linha que separa a vitória da derrota é tão tênue e a glória caminha junto com a profunda decepção, é natural que se produza, através deste processo, um enorme número de heróis e vilões. e, como não poderia deixar de ser, no futebol isso acontece com muita intensidade, dada a sua popularidade e o fanatismo de seus incontáveis aficcionados.
a noite de ontem foi um grande exemplo de tudo isso. em buenos aires, no estádio do racing, foi disputado o primeiro jogo de uma das semifinais da libertadores. o fluminense conseguiu um bom empate diante do poderoso boca juniors por 2 a 2. nesta partida, a torcida argentina se viu diante de um grande herói e um impiedoso vilão. o herói, como sempre, foi riquelme, que marcou os dois gols xeneizes. já o vilão foi o goleiro migliore que tomou um frangasso, permitindo o empate do fluminense.
em são januário, jogo de volta da semifinal da copa do brasil entre vasco da gama e sport recife. o sport tinha conseguido uma grande vantagem no jogo de ida, 2 a 0. ontem, o vasco, precisando partir para cima, fez um primeiro tempo apático e todas as grandes chances de gol acabaram sendo pernambucanas, porém o 0 a 0 se manteve. já no segundo tempo, o vasco pressionou e conseguiu o primeiro gol através de leandro amaral, numa cabeçada. o resultado de 1 a 0 ainda não era suficiente e, por isso, o vasco continuou tentando. no fim do jogo, quando todas as esperanças haviam praticamente se esgotado, eis que surge edmundo, enterno ídolo vascaíno, para completar para o gol o rebote do goleiro magrão, e como um herói decretar a decisão por pênaltis. porém, logo na primeira cobrança da séire, edmundo faz o vascaíno reviver o pesadelo de outras vezes. assim como na decisão do mundial de clubes de 2000, diante do corinthians, edmundo perde o pênalti, todos os outros batedores de vasco e sport acertam e o sport está na final. edmundo, mais uma vez, vira vilão.
no morumbi, a outra semifinal. corinthians e botafogo jogando a partida de volta, após uma vitória carioca por 2 a 1, de virada, uma semana antes, no engenhão. no primeiro tempo, muito medo por parte das duas equipes e um apagado 0 a 0. na segunda etapa, o corinthians começou com tudo e, aos 6 minutos, através de uma jogada pela direita do argentino herrera, acosta, que havia acabado de entrar, desviou para o gol fazendo 1 a 0, resultado que classificava o corinthians pelo critério de gols marcados fora de casa. porém, a fiel quase nem pôde sentir o gosto da classificação. 2 minutos depois, o botafogo empatou. o goleirão corinthiano felipe falhou feio no cruzamento vindo da direita, errando o tempo de bola, e o zagueiro botafoguense renato silva, da pequena área, completou para o gol vazio. um momento de angústia no morumbi. logo a angústia deu lugar à alegria. após falta sofrida por dentinho, próxima ao bico direito da grande área carioca, chicão cobrou por cima da barreira e marcou o gol da redenção corinthiana. 2 a 1, resultado que se manteve até o fim da partida sem grandes sobressaltos, revelando uma certa cautela de ambas as equipes a partir de então. dessa forma, decisão por pênaltis. o corinthians começou cobrando e marcou. o botafogo também. as 9 primeiras cobranças foram convertidas sem dificuldade, até que o lateral-esquerdo zé carlos, do botafogo, que havia entrado no meio do segundo tempo, correu para a bola e bateu firme, a meia altura, no canto direito para espetacular defesa de felipe. definitivamente a noite era corinthiana e felipe tinha passado de vilão a herói e, dessa forma, para a história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário