quarta-feira, 7 de maio de 2008

corinthians e grêmio

ao assistir o jogo de ontem, corinthians e são caetano pela copa do brasil, jogo em que o corinthians, do gremista mano menezes, com um jogador a mais desde os 34 minutos do primeiro tempo, vencia por 1 a zero, gol de cabeça do grosso, porém raçudo, gremista-argentino herrera, e cedeu o empate a 5 minutos do fim, numa falha do capitão-zagueiro william, gremista declarado e ex-capitão do time gaúcho, para voltar a liderar o placar somente há 2 minutos do fim, com mais um gol do cabeçudo-raçudo-gremista hermano-herrera, comecei a viajar no tempo.
corinthians e grêmio são daqueles times que têm muitas coisas em comum em suas histórias. embora eu (corinthiano legítimo) tenha aprendido através de meu avô (espanhol, corinthiano de coração e colorado na infância) que o time do povo do rio grande do sul, o time das massas, o "corinthians do rio grande", como ele mesmo uma vez me disse, é o internacional e, sem que uma afirmação anule a outra, corinthians e grêmio têm enormes semelhanças inegáveis.
um querido tio meu, gaúcho e gremista doente, sempre me atormentou com suas histórias mirabolantes da mística gremista, cuja autenticidade só pude comprovar depois de completar a idade adulta, após muitos anos de prazerosa e constante pesquisa da história do futebol. e é exatamente através da mística que corinthians e grêmio se unem, de forma assustadoramente semelhante.
todos que têm algum conhecimento futebolístico conhecem a devoção da torcida corinthiana. ser corinthiano é algo inexplicável e talvez por isso tão contestado e odiado. vale lembrar a invasão corinthiana de 1976 ao maracanã, na semifinal do campeonato brasileiro daquele ano. o corinthians, àquela altura numa fila de títulos de nada menos do que 22 anos, levou mais de 70 mil fiéis. um dos acontecimentos mais espetaculares da história do futebol. na final, acabou perdendo para o inter de falcão, eterno inimigo gremista. já a torcida do grêmio, mesmo que muito menor, há muito tempo dá sinais de equivalente devoção, como pode ser comprovado no hino do clube que começa com o verso "até a pé nós iremos". este trecho se refere à greve dos trasportes públicos que ocorreu em porto alegre na década de 30, época em que o hino foi composto. até o nome dos dois clubes têm semelhança: a origem inglesa. sport club corinthians paulista e grêmio foot-ball porto alegrense. vale ressaltar que, no caso do corinthians (cuja tradução para o português seria "corintos"), o nome é uma homenagem ao time inglês corinthians casuals, que fazia uma excursão pelo brasil, mais especificamente pela cidade de são paulo, à época da fundação do nosso coringão.
porém, as semelhanças não param por aí. ainda no campo da mística, corinthians e grêmio têm suas histórias intimamente ligadas ao futebol de raça, de garra, a vitórias sofridas e até milagrosas. vitórias estas que construíram uma galeria de títulos de significados equivalentes entre si, eu explico. todos futeboleiros sabem que o maior título da história do corinthians foi o paulista de 77, o que tirou da fila, o da consagração do "pé de anjo" basílio, do técnico brandão, do maior público da história do estádio do morumbi, tradicional salão de festas corinthiano. neste mesmo ano, o grêmio também quebrou um tabu. em grande estilo, sob o comando de telê santana, derrotou o poderoso internacional, detentor dos 7 últimos títulos gaúchos e pôs fim à dolorosa hegemonia colorada. já em 81, contrariando a tudo e a todos, venceu o são paulo no morumbi, com um golasso de baltazar, que não é o cabecinha de ouro do corinthians dos anos 50, porém fez o gol do título brasileiro daquele ano, importante para o corinthians pelo fato de ser o início da formação do famoso time da democracia corinthiana, de sócrates, casagrande e vladimir, da luta pela redemoratização do brasil, pelas diretas já, do fim da concentração, enfim, do bicampeonato paulista 1982/83. 1983 talvez tenha sido o ano mais importante da história do grêmio, com a conquista da libertadores e do mundial interclubes pela equipe do jovem atacante, porém já polêmico, renato ou, para nós do dito "eixo rio-são paulo", renato gaúcho, que trucidou o hamburgo na final em tóquio, com dois gols. gols estes tão importantes quanto o gol de tupãzinho na final do brasileirão de 1990, que deu o título ao corinthians frente ao poderoso são paulo, base da seleção brasileira à época. vale frisar que este campeonato foi ganho, basicamente, por duas lendas vivas corinthianas: neto, o xodó da fiel e ronaldo, o eterno camisa 1 corinthiano. o mesmo goleirasso que foi peça chave, juntamente com marcelinho carioca, no título da copa do brasil de 95, conquistada em pleno estádio olímpico frente ao grêmio de jardel e paulo nunes. este último que, já em final de "carreira útil", fazia parte do time do corinthians que, desta vez, tomou o troco do grêmio perdendo o título da copa do brasil de 2001 em pleno estádio do morumbi.
em 2005, um fato inédito na história de grêmio e corinthians. ambos foram campeões brasileiros. o corinthians, de carlitos tevez, campeão brasileiro da série "a" e o grêmio, da batalha dos aflitos, campeão brasileiro da série "b", já que havia sido rebaixado em 2004, assim como acabou de ser o corinthians em 2007, perdendo o último jogo exatamente para o grêmio no estádio olímpico e amargando o descenso, tão conhecido pelos gremistas. e qual foi a solução encontrada pelo corinthians para voltar à elite? contratar o então técnico do grêmio, mano menezes.

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