quinta-feira, 15 de maio de 2008

a globalização e o futebol

a copa da uefa, segundo mais importante campeonato europeu interclubes, foi decidida ontem, entre o azarão zenit, de são petesburgo e o improvável candidato ao título glasgow rangers, time da ala protestante escocesa. o zenit, de esquema tático mais ofensivo, venceu por 2 a zero e faturou o caneco. 5 anos atrás, tal resultado seria praticamente impossível, pois o zenit ainda era um time pequeno da rússia e nem sequer conseguia se classificar para qualquer competição européia. o fato é que há 2 anos o time foi comprado pela maior empresa de gás natural do mundo, a russa gazprom, que tinha como presidente, na época, nada mais, nada menos que o atual presidente da rússia, empossado na semana passada, dmitry medvedev. no início dessa temporada, o zenit investiu forte, contratando os melhores jogadores russos da atualidade e até alguns estrangeiros, totalizando um investimento de 220 milhões de dólares, investimento este que deu resultado e possibilitou a conquista do campeonato russo e da copa da uefa. nada mais simbólico do que o exemplo do zenit para explicar como o futebol se tornou, com a globalização, mais um grande negócio, onde investimento dá resultado e em que times são transformados em esquadrões da noite para o dia, não importando sua tradição ou qualquer outra coisa. agora, o próximo passo é a construção do estádio, um projeto de 280 milhões de dólares. nada mal para um time que nunca passou de um "marília" da rússia, com todo respeito ao grande mac.
por aqui, mesmo que em escala muito menor, o capital também faz as suas modificações na geografia do futebol. se, por um lado, o sport recife, talvez a maior sensação da copa do brasil deste ano, posto que o corinthians alagoano perdeu para o vasco por 3 a 1 e confirmou o seu adeus da competição, venceu o poderoso e rico inter de porto alegre, no alçapão da ilha do retiro por 3 a 1, e ficou com a vaga nas semifinais para enfrentar justamente o time cruzmaltino.
do outro lado da chave, o são caetano não resistiu ao time de maior receita de patrocínio do país, o corinthians, e perdeu também o segundo jogo do confronto nas quartas-de-final, desta vez por 3 a 1, e foi eliminado. o timão enfrentará o chorão botafogo de cuca nas semifinais.
o mais importante campeonato da américa do sul, a taça libertadores, também vem tendo a sua "rotina" alterada pelo fenômeno da globalização. o cantado em verso e prosa como favorito para levar o título, o boca juniors, empatou no estádio do vélez sarsfield, que foi utilizado devido à interdição da bombonera depois de incidentes ocorridos no jogo contra o cruzeiro na fase anterior, com o atlas do méxico por 2 a 2. os times mexicanos passaram a participar da competição em 2000 e de lá pra cá já tiveram um finalista, o cruz azul. muito populares e recheados de jogadores caros, fato que se deve ao investimento superior à maioria dos clubes sulamericanos, os times da terra da tequila vem dando um sabor diferente (nem melhor, nem pior) à agora "globalizada" libertadores, que passou a lucrar muito mais e, desta forma, a proporcionar prêmios muito mais generosos aos seus vencedores. em grande parte isso deve à "conquista" do mercado mexicano.
no outro jogo da noite, o duelo foi entre o são paulo, tradicional vencedor da libertadores, e o fluminense, participando somente pela terceira vez da competição sulamericana. embora tenha um patrocínio forte, o time das laranjeiras sucumbiu à tradição sãopaulina e ao imperador adriano que fez o seu quinto gol na competição e gatantiu a vitória por 1 a 0. adriano, por sua vez é um ótimo exemplo para a globalização no futebol. revelado pelo flamengo, o então desajeitado centroavante de 17 anos, se transferiu para a internazionale de milão. lá, ganhou corpo, dinheiro, fama e se transformou em "imperador". iludido pelo poder do capital, esqueceu de jogar futebol e, como tudo o que não serve para os países ricos é jogado de volta para os "em desenvolvimento", voltou para o brasil para jogar, desta vez, no são paulo. aparentemente recuperado, acaba de ser re-convocado para a seleção brasileira. será que agora ele tem mercado novamente na meca do futebol globalizado, a europa?

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